quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

:: Greenpeace ::

:: Greenpeace ::
15/01/2003
Nascido em 1971, no Canadá, o Greenpeace é uma entidade civil internacional sem fins lucrativos que se dedica à proteção do meio ambiente e da paz, baseada em alguns princípios básicos: não estabelece alianças com partidos políticos; é adepto do princípio da não violência, sem recuar na defesa de suas causas; rejeita ataques a pessoas ou propriedades privadas; não solicita contribuição financeira de governos ou empresas, sendo mantido pela doação de pessoas físicas. O Greenpeace possui 2,9 milhões de sócios em 158 países.

Confira o conteúdo completo desta matéria clicando em leia mais.:.

A entidade cresceu rapidamente. Em 1979, sete países já tinham escritórios Greenpeace. Hoje, 29 países possuem escritórios nacionais, apoiados pelo Greenpeace Internacional (GPI), sediado em Amsterdã, na Holanda, que também supervisiona as campanhas internacionais, coordena a frota de barcos e assegura o desenvolvimento da política e dos objetivos dos escritórios nacionais. Começou suas atividades no Brasil em 1992, quando veio para a Rio 92 e fincou 800 cruzes brancas em frente à Usina de Angra I. Desde então vem atuando na Floresta Amazônica, buscando soluções para o desenvolvimento da região. Une-se a diversas entidades ecológicas brasileiras para conter a destruição do ambiente.

Hoje o Greenpeace está mais voltado para as grandes questões econômicas e sociais que estão na origem do desequilíbrio ambiental. Algumas de suas principais campanhas internacionais são: Campanha de Atmosfera, onde houve a criação do Greenfreeze; Campanha contra a energia Nuclear; Campanha para a criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul; Campanha contra alimentos transgênicos; Expedição contra os piratas do Oceano Atlântico, entre outras.

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R. dos Pinheiros, 240, conj. 12 - Pinheiros - São Paulo - SP - Brasil - CEP 05422-000 - tel: (0xx11) 3066.1155

Unidades de Coservação

Unidades de Coservação
17/12/2002

Conceito
São espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, aos quais se aplicam garantias adequadas de proteção (definição dada pela Lei 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação).

Categorias
As Unidades de Conservação (UCs) podem ser classificadas em dois grandes grupos, de acordo com a forma de uso dos seus recursos naturais.

UCs de Proteção Integral, nas quais é permitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, para a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

Confira o conteúdo total sobre Unidades de Conservação clicando em leia mais.:.

Inclui as seguintes categorias:

Estação Ecológica

Reserva Biológica

Parque Nacional, Parque Estadual e Parque Natural Municipal

Monumento Natural

Refúgio de Vida Silvestre

UCs de Uso Sustentável, nas quais é permitido o uso parcial dos recursos naturais compatibilizado com a proteção da natureza. Inclui as seguintes categorias:

Área de Proteção Ambiental

Área de Relevante Interesse Ecológico

Floresta Nacional, Floresta Estadual, Floresta Municipal

Reserva Extrativista

Reserva de Fauna

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Estação Ecológica
Objetivos: preservação da natureza e realização de pesquisas científicas
Usos Permitidos: visitação pública com objetivo educacional e pesquisa científica
Posse e domínio: públicos


Reserva Biológica

Objetivos: preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites
Usos Permitidos: visitação pública com objetivo educacional e pesquisa científica
Posse e domínio: públicos.


Parque Nacional, Parque Estadual, Parque Natural Municipal

Objetivos: preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica
Usos Permitidos: realização de pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico
Posse e domínio: públicos.


Monumento Natural

Objetivos: preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica
Usos Permitidos: visitação pública e pesquisa científica
Posse e domínio: públicos e privados.


Refúgio de Vida Silvestre

Objetivos: proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória
Usos Permitidos: visitação pública e pesquisa científica
Posse e domínio: públicos e privados.


Área de Proteção Ambiental - APA

Objetivos: proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (área, em geral, de grande extensão).
Usos: respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma APA
Posse e domínio: misto públicos e privados.


Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE

Objetivos: manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas (área, em geral, de pequena extensão)
Usos: respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma ARIE
Posse e domínio: públicos e/ou privados


Floresta Nacional, Floresta Estadual, Floresta Municipal

Objetivos: uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas
Usos Permitidos: visitação pública, pesquisa científica, admitida a permanência de populações tradicionais que a habitavam quando de sua criação
Posse e domínio: públicos.


Reserva Extrativista

Objetivos: proteger os meios de vida e a cultura de populações extrativistas tradicionais, assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade
Usos Permitidos: uso sustentável dos recursos naturais pelas populações tradicionais (para os recursos madeireiros, somente em situações especiais), visitação pública, pesquisa científica. Proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou profissional.
Posse e domínio: domínio público, com uso concedido às populações extrativistas tradicionais.


Reserva de Fauna

Objetivos: estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos
Usos Permitidos: visitação pública, comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas (proibido o exercício da caça amadorística ou profissional).


Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Objetivos: preservar a natureza, assegurar condições e meios para reprodução e melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações
Usos Permitidos: visitação pública, pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável, substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis
Posse e domínio: domínio público, posse e uso pelas populações tradicionais (ainda não regulamentados)

Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN
Objetivos: conservar a diversidade biológica
Usos Permitidos: pesquisa científica, visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais
Posse e domínio: privados com gravação de perpetuidade através de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.


Unidades de Conservação Existentes no Paraná

O Paraná é um Estado privilegiado em relação à biodiversidade, ocorrendo em nosso território variados ecossistemas desde a Floresta Atlântica do litoral e Serra do Mar, com mangues, restingas, brejos litorâneos, mata nebular e campos de altitude, até as várzeas do Rio Paraná, passando pela Floresta com Araucária, Floresta Pluvial, Campos e remanescentes de Cerrado.

A garantia da manutenção da biodiversidade pela proposição, elaboração e execução de políticas públicas com vistas à conservação dos ecossistemas paranaenses, são atribuições da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e do Instituto Ambiental do Paraná.

O Estado do Paraná possui 63 unidades de conservação de domínio estadual, 9 de domínio federal, 103 de domínio municipal e 151 de domínio privado (RPPNs) classificadas, conforme seus objetivos específicos, em diferentes categorias de manejo, entre elas Parques, Estações Ecológicas, Florestas Estaduais, Áreas de Proteção Ambiental e Reservas Biológicas, entre outras.

As 60 Unidades de Conservação do Paraná compõem o Sistema Estadual de Unidades de Conservação e são áreas naturais cujos gerenciamento e manutenção são feitos pelo Instituto Ambiental do Paraná, com o objetivo de preservar amostras significativas de ecossistemas essenciais à conservação e/ou recuperação da biodiversidade.

A partir de 1995 foi dada ênfase especial para a questão da regularização fundiária das Unidades de Conservação Estaduais. Nesse período (1995 - 2002) efetuou-se a regularização de aproximadamente 7.000 hectares inseridos por Decretos em UCs, mas que não estavam sob domínio pleno do Estado, sendo que sobre algumas áreas pendiam inclusive processos judiciais de desapropriação indireta contra o Estado.

Partindo-se do pressuposto de que só conhecendo se pode valorizar, as Unidades de Conservação no Estado do Paraná são manejadas visando a preservação dos ecossistemas e procurando a integração com as comunidades locais, efetuando-se trabalhos de educação ambiental.

Para que se atinja os objetivos para os quais foram criadas as Unidades de Conservação, promovendo a correta utilização de seus diferentes espaços, a partir de 1995 deu-se maior atenção por parte do Estado na questão de elaboração, revisão e implementação de Planos de Manejo, o instrumento de gestão das unidades. Assim é que importantes áreas como os Parques Estaduais de Vila Velha, de Campinhos, do Marumbi, das Lauráceas, do Rio da Onça, do Guartelá, do Cerrado e do Monge e as Estações Ecológicas do Caiuá e do Guaraguaçu tiveram seus Planos de Manejo iniciados e alguns já finalizados e implementados, totalizando até o final de 2002 quatorze Planos Manejo.

Atualmente estuda-se o processo de concessões de serviços em Unidades de Conservação, através da iniciativa privada, bem como parcerias com ONGs e Prefeituras Municipais a fim de que a gestão compartilhada possa trazer benefícios ao manejo e à sustentabilidade ambiental e econômica das áreas. Nas unidades de conservação com potencial de visitação são desenvolvidos trabalhos de educação ambiental baseados em conceitos científicos, sociais e econômicos.

Para tanto, o Estado reconheceu a necessidade de implantação de infra-estrutura adequada ao gerenciamento e ao uso das unidades pela população. Até 1995 o Paraná contava com essa infra-estrutura, embora precária, apenas nos parques de Vila Vela, em Ponta Grossa, e de Vila Rica do Espírito Santo, em Fênix. A partir de então implantou-se Centros de Visitantes, sanitários, lanchonetes, Centros de Pesquisa, alojamentos, casas para Guardas-Parque, churrasqueiras, trilhas interpretativas, placas de sinalização e orientação, passarelas, portais e outras estruturas em mais 17 Unidades de Conservação, sendo que outras 9 vem recebendo infra-estruturas que estarão concluídas até ofinal de 2002.

O Parque Estadual de Vila Velha, que durante muitos anos não foi objeto de um efetivo planejamento de conservação e uso, desde janeiro de 2002 encontra-se fechado para visitação, a qual somente será possível novamente a partir de outubro de 2002, quando encerram-se todas as obras de revitalização ambiental e dos espaços destinados ao público.

Ciente da necessidade de ampliação da área efetivamente protegida, sob domínio público, o Estado criou, a partir de 1995, dezesseis novas Unidades de Conservação, das quais onze de Proteção Integral e cinco de Uso Sustentável dos Recursos Naturais, incorporando ao Sistema Estadual 62.838 hectares.

As ações do Estado referentes às áreas especialmente protegidas se estendem ainda à prestação de apoio técnico e de programas e projetos específicos tais como o ICMS Ecológico, que recompensa financeiramente municípios que possuam áreas protegidas e mananciais de abastecimento público em seus territórios, RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural - e o apoio à criação e gestão de unidades de conservação no âmbito municipal.

Um dos princípios básicos na filosofia de trabalho é buscar o envolvimento e o comprometimento da sociedade, garantindo a perpetuidade das áreas protegidas do Paraná. Assim é que o Estado vem implementando Conselhos Gestores para as unidades, formados por membros dos poderes públicos estadual, federal e municipal, da sociedade civil organizada, da comunidade científica do Estado e das populações diretamente relacionadas com as unidades.

Fonte: SEMA

Agenda 21 - Os desafios por uma cidadania planetária

Agenda 21 - Os desafios por uma cidadania planetária
07/09/2002

Com relevante representatividade o Seminário Agenda 21 Paraná aconteceu dia 05 de setembro no Hotel Bourbon sito a rua Cândido Lopes, 102 em Curitiba. O evento reuniu entidades de diversas áreas sendo apresentado resultados dos grupos, proporcionando o conhecimento geral das idéias e compromissos para as atuais e futuras gerações.

A comissão organizadora, ao definir os grupos por cores, primou pela heterogeneidade de experiências, conhecimentos e formações como princípio norteador dos trabalhos em grupo, enriquecendo assim o resultado final das discussões.

Em 1992, no Rio de Janeiro, realizou-se a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO RIO-92. Promovido e patrocinado pela ONU (ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS), o evento aprovou a AGENDA 21, ou seja, consagrou os mais elevados princípios de defesa do bem mais importante que o homem tem a seu dispor, a própria terra.

"A HUMANIDADE É PARTE DA NATUREZA. O BEM ESTAR E A SOBREVIVÊNCIA DE TODA VIDA DEPENDE DO FUNCIONAMENTO NATURAL DOS ECOSSISTEMAS."

Na palestra final, a representante do Ministério do Meio Ambiente, fez uma abordagem sobre as 21 metas brasileiras rumo a sustentabilidade priorizadas na Agenda 21 Nacional.

AGENDA 21 GLOBAL
É o principal compromisso assumido pelos 179 países participantes da RIO-92. A prática de um novo padrão de desenvolvimento sustentável constitui o desafio do século XXI no sentido de conjugar esforços na busca de um equilíbrio econômico, justiça social e da conservação dos recursos naturais.
"NÓS SOMOS DA NATUREZA E ESTAMOS NA NATUREZA. DELA SOMOS DEPOSITÁRIOS E PORTA-VOZES CONSIENTES."

AGENDA 21 BRASILEIRA
A partir de 1997, com base na AGENDA 21 GLOBAL, começa a construção da AGENDA 21 BRASILEIRA, para a qual foram escolhidos os seguintes temas centrais:
- GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS;
- AGRICULTURA SUSTENTÁVEL;
- CIDADES SUSTENTÁVEIS;
- CIÊNCIA E TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL;
- REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS;
- INFRA-ESTRUTURA E INTEGRAÇÃO REGIONAL;

É IMPORTNTE QUE AS PROPOSTAS E RECOMENDAÇÕES DESTE DOCUMENTO SEJAM INSTRUMENTO E REFERÊNCIA PARA AS DIVERSAS ÁREAS DA GESTÃO PÚBLICA E PRIVADA DO PAÍS.


AGENDA 21 PARANÁ
Viabilizar a participação e incentivar os segmentos sociais na convergência dos interesses coletivos será o papel do Governo do Estado. Tecer a AGENDA 21 PARANÁ com vistas a identificar as prioridades, as vocações regionais e definir prioridades de investimentos serão as bases de construção e de fomento às políticas já implantadas.

AGENDA 21 LOCAL
* Planeje os serviços essenciais de sua cidade.
* Selecione as prioridades.
* Discuta amplamente com a sociedade.
* Incentive a criação de grupos de trabalho.
* Incentive a criação do Fórum da Agenda 21 Local.

AGENDA 21 LOCAL NÃO É UMA SOLUÇÃO ESPECÍFICA, MAS UMA METODOLOGIA QUE CRIA MELHORES CONDIÇÕES PARA O ENCAMINHAMENTO DE TODAS AS QUESTÕES BÁSICAS PARA A VIDA DA POPULAÇÃO.

O QUE O PARANÁ TEM FEITO:

GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS.
- REDE DE BIODIVERSIDADE;
- RIO LIMPO;
- PRÓ-SANEAMENTO - RESÍDUOS SÓLIDOS;
- DESENVOLVIMENTO FLORESTAL;
- FUNDOS DE VALE - MATAS CILIARES;
- PRÓ-ATLÂNTICA;
- BAÍA LIMPA / PLANTANDO PALMITO;

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL.
- PARANÁ 12 MESES;
- PARANÁ AGROINDUSTRIAL;
- TERRA LIMPA;

CIDADES SUSTENTÁVEIS.
- PROSAN;
- PARANÁ URBANO;
- CASA FELIZ-PARANÁ SOLIDARIEDADE;
- PARANÁ SAN;
- VOLUNTÁRIO GUARDA-VIDAS;
- ABC DA SEGURANÇA;

CIÊNCIA E TECNOLOGIA.
- FÁBRICA DO AGRICULTOR;
- UNIVERSIDADE DO CAMPO;
- USINA DO CONHECIMENTO;
- PARANÁ TECNOLOGIA;

REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS.
- REDE DE PROTEÇÃO À VIDA;
- VILAS RURAIS;
- PARANÁ MAIS EMPREGOS;
- CONDOMÍNIO TERCEIRA IDADE;
- LINHA / ESTAÇÃO DO OFÍCIO;
- VALE SABER;
- CARTILHA DO CIDADÃO;
- ARTESANATO PARANAENSE;
- PARANÁ INDÍGENA;
- SUPER SOPA;
- DA RUA PARA A ESCOLA;

INFRA ESTRUTURA / INTEGRAÇÃO REGIONAL.
- ANEL DE INTERLIGAÇÃO;
- PARANÁ URBANO;
- COMBOIO CULTURAL;
- PARANÁ URGÊNCIA E EMERGÊNCIA;
- REDE PROTEÇÃO À VIDA;
- e-PARANÁ / GOVERNO ELETRÔNICO;
- PARANÁ MINERAL;
- PROGRAMA DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS;
- CAMINHOS DA EDUCAÇÃO E DA PRODUÇÃO.


Este processo não acaba por aqui, a agenda 21 é um compromisso a ser firmado entre todos os setores e segmentos sociais, no qual a troca de experiências, o estabelecimento de parcerias, assim como o envolvimento de todas as instâncias ao longo desse processo, são condições imprecindíveis para que possamos atingir o desenvolvimento sustentável.

É com muita satisfação venho participar deste importantíssimo evento nacional realizado pela Comissão Governamental organizadora e estar contribuindo para o rol de programas e projetos que guardam relação com os Seis Eixos Temáticos da Agenda 21 Brasileira onde envolveu diversos órgãos estaduais em uma Comissão Governamental que culminará na instituição do Fórum Estadual da Agenda 21.
Eu, Rodrigo Nora, agradeço a todos os colegas presentes no seminário com especial a Arquiteta Claudia Cristina Taborda Dudeque da Secretaria da Indústria, do Comércio e do Turismo pela primazia ao atendimento prestado durante todo o evento, enriquecendo meus conhecimentos e de minha colega Doraliza Cáceres Miranda que esteve comigo durante os debates nos grupos.

Os jornalistas e a pesquisa na Amazônia

Os jornalistas e a pesquisa na Amazônia
08/08/2002

Cada vez que participo de um evento de grande dimensão tendo como tema a pesquisa na Amazônia, a incômoda sensação de que nós, jornalistas da terra, estamos muito distantes do que de fato está acontecendo na região, aumenta significativamente. Acabo de retornar da IIº Conferência Internacional Científica do LBA (Experimento de Larga Escala da Biosfera-atmosfera na Amazônia) que aconteceu este mês, em Manaus. São mais de 500 pesquisadores de países da Europa, os EUA e Brasil que em mais de 100 projetos tentam entender o que está acontecendo com Amazônia e se as mudanças continuarem aceleradamente, o que poderá acontecer também com o resto do mundo.


Um trabalho articulado (e pioneiro) e com bom resultado uniu jornalistas do Ministério da Ciência e Tecnologia, Embrapa Amazônia Oriental, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) com a incumbência de divulgar ao Brasil não apenas a realização da conferência, mas (e principalmente!) os conhecimentos já gerados por esse "pool" de pesquisadores de altíssimo nível. Não é fácil decifrar, decodificar, traduzir, popularizar, enfim, colocar em uma linguagem simples e acessível aos leigos, o que a pesquisa faz nos laboratórios e atrás dos muros das academias. Tanto que cresce consideravelmente o número de jornalistas que vem se especializando em Jornalismo Científico e abraçado o desafio de levar à dona-de-casa, ao estudante ou ao empresário o que a ciência está gerando (e descobrindo) em seu benefício.

Mas neste caso específico, como amazônida típica, resultado de um cruzamento de português com índio, a tarefa parece ainda mais complicada. Extrapola ao profissional, desafia as entranhas, penetra no íntimo. É escrever sobre nós mesmos, sobre a nossa chuva, nossos rios, nossas árvores e até sobre a nossa poluição (Isso mesmo! já temos poluição comparável a algumas cidades de São Paulo). Como sabemos tão pouco sobre nós mesmos!

E não são só os cientistas e pesquisadores de outras regiões e de outros países que falam com tanta desenvoltura sobre temas que parecem tão familiares ao povo da região ("Na Amazônia a chuva forma-se rapidamente e cai também rapidamente", por exemplo). Os jornalistas (de outras regiões do país e estrangeiros) também deixam bem claro o quanto sabem sobre nós, sobre o que acontece dentro de nossa casa.

Aquela incômoda sensação de estar sendo traída fica então mais latente. Os que fazem hoje Imprensa na Amazônia parecem não estar dando muita atenção para o que ela significa interna e externamente. Talvez porque nascemos aqui, crescemos aqui e já estejamos acostumados com a exuberância da vegetação, com as chuvas diárias, com a umidade elevada ou com o calor abafado. Nossos olhos já estão tão acostumados que já não enxergam o óbvio. As mudanças estão acontecendo, a pesquisa de grande parte do mundo está
voltada para esta que representa mais de 60% de todo o território nacional , mas continuamos valorizando o que vem de outras paragens, seja Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York ou Faixa de Gaza.

Sinto, a cada oportunidade que tenho de estar diante de tanta informação sobre a Amazônia, que nós jornalistas da região precisamos estudar um pouco mais, ir mais profundamente nas questões que tratam de nós, do nosso presente, do nosso futuro. Não dá mais pra nos limitarmos a simplesmente abrir e fechar aspas, usando e abusando daqueles verbos que marcam os textos preguiçosos (argumentou, completou, concluiu, explicou ...). Sem querer ser a palmatória do mundo (ou da profissão) sinto que temos que mudar, ler um pouco mais e escrever entendendo mais sobre o que estamos escrevendo.

É constrangedor e decepcionante a dificuldade que há em se "vender" uma pauta quando os assuntos são mais complexos, mesmo que falem de nós, de nossos umbigos. A maioria dos que militam na profissão na Amazônia ainda tem enorme dificuldade de compreender temas que já são de domínio em outras regiões como "seqüestro de carbono, aerossóis, certificação florestal, cadeia de custódia ou biomassa". Os de outros Estados (São Paulo e Brasília, principalmente) dão a impressão que estão bem mais preocupados com o nosso destino do que nós mesmos.

Em Manaus, recentemente (e com raras exceções), não foi diferente. Mas em Belém, o desinteresse da imprensa por assuntos mais complexos, que exigem um pouco mais de conhecimento prévio, via de regra, é muito mais acentuado. Algumas vezes me pergunto se temos consciência de que estamos vivendo na região que possui a maior biodiversidade do planeta, que é a segunda palavra mais conhecida do mundo ou a que até bem pouco tempo era chamada de pulmão do mundo.

Espero que não muito distante, nós, jornalistas, que atuam ou não em Ciência e Tecnologia, mas que vivemos na Amazônia, mudemos esse comportamento. Chegou a hora de assumir a responsabilidade de falarmos de nós mesmos e não delegar a outros, que por não conhecerem a região, não serem filhos da água (da chuva ou dos rios) acabam nos vendo (e passando isso para o resto do País e do mundo) como exóticos, diferentes, meio extra-terrestres que vivem à beira dos igarapés, comem bacuri e pupunha e têm uma chuva que cai pontualmente às duas horas da tarde.

Bem-vindos os que vêm de fora sem pré-conceito, sem a visão deturpada do inusitado. A eles devemos nos juntar e, sério e profissionalmente, tratar de uma Amazônia que está sendo descoberta cientificamente e a sociedade precisa acompanhar pari passu. E aí está a nossa missão maior.
Por: Ruth Rendeiro é jornalista da Embrapa Amazônia Oriental.
Fonte: O Paraense

Melhor idade impulsiona turismo

Melhor idade impulsiona turismo
08/06/2003
Com o aumento da expectativa de vida, as pessoas com mais de 60 anos aproveitam o tempo, a saúde, o dinheiro e a disposição para viajar.

Os idosos ganham valor especial às viagens e são considerados a melhor faixa etária pelo mercado turístico. A melhor idade é realmente aquela em que se pode viajar, sair com amigos, conhecer lugares novos, se divertir e não ter medo de viver! Apesar das propagandas, livros e filmes associarem viagens aos jovens, a terceira idade vem mostrando a sua cara no turismo brasileiro. Geralmente com os filhos criados e a vida feita, gastam suas economias fazendo turismo.

O atendimento à altura daqueles que já vivenciaram a atividade turística em outros lugares do mundo, com valorização do ser humano conjugando lazer, entretenimento e saúde.

A demanda é crescente em todas as camadas sociais da América Latina, Europa e Ásia. Este segmento é o que dispõe dos fatores básicos para que o turismo aconteça; tempo, disponibilidade e dinheiro.

Confira o estatuto do idoso e seus direitos com relação ao transporte em leia mais.:.

A ABAV - Associação Brasileira das Agências de Viagem apurou recentemente que 20% da receita gerada pelo turismo brasileiro é proveniente do fluxo dos turistas da chamada terceira idade - pessoas com mais 60 anos. O maior tempo livre e a preferência por viagens a locais históricos e com apelo cultural são a marca deste público.

Mais de 80% dos clientes são mulheres em geral viúvas que, em sua grande maioria, são pessoas entre 62 e 72 anos. O aumento da procura fez com que várias empresas passassem a oferecer roteiros específicos para este segmento. Em geral, os programas ocorrem na baixa temporada, quando os descontos chegam a 30%.

Último censo do IBGE revelou que 55,1% das pessoas com mais de 60 anos no Brasil são mulheres. Os homens são 44,9%, em um universo de 14,5 milhões de brasileiros nesta faixa etária. A expectativa de vida das mulheres é, em média, de 72,6 anos, aproximadamente sete anos mais que a dos homens. No segmento de viagens, elas também predominam, aquecendo e impulsionando o turismo brasileiro. De acordo com a Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), 20% da receita gerada pelo setor de turismo vêm da Melhor Idade.

De olho no filão, a Embratur (Empresa Brasileiro de Turismo) mantém há treze anos um programa voltado à terceira idade, o Clube da Melhor Idade, com filiais espalhadas por todos os estados, que, além de oferecer descontos nas viagens, promove reuniões, atividades educativas, esportivas e culturais. O Clube já conta com 200 mil associados.

O programa incentiva viagens na baixa estação, garantindo empregos nos setores ligados ao turismo.

Segundo empresária paulista Mirabelli, "As mulheres formam um público fiel e viajam durante todo o ano, inclusive na baixa estação".

As estatísticas apontam para um mundo mais velho. “Nos Estados Unidos, 49% dos turistas têm mais de 55 anos. Na Europa, a cada seis pessoas, uma tem mais de 60 anos. E foi essa faixa que impulsionou o turismo das últimas três décadas”, diz Nadir Titton Parigot, presidente da Associação Brasileira do Clube da Melhor Idade.

Eles merecem um atendimento diferenciado. A sociedade moderna dispõe a cada dia de mais tempo ocioso. Este tempo disponível pode ser usado pelo turista em atividades como:

Concertos: música clássica e música popular;

Diversão noturna: bailão da Melhor Idade, forró, casas de tango e sambão;

Feiras e exposições: caminhadas, feira da moda, feira de cosméticos, feira de utilidades domésticas, feira do artesanato, exposição de flores etc;

Jogos - bingos, cassinos, apostas: Eles viajam em busca de jogos em bingos, cassinos ou em casas de apostas ou loterias. Ultimamente, devido ao fato dos bingos estarem fechados no Paraná, estão se reunindo em grupos pequenosm sentido à cidade de Joinville em Santa Catarina. Saindo no começo da tarde e voltando no dia seguinte pela madrugada;

Cinema, teatro e casa de shows, cultura e entretenimento em shopping centers;

Gastronomia: comida pode ser um bom atrativo para o seguimento da Melhor Idade, é o roteiro mais procurado em grandes cidades turísticas;

Cultura: o Turismo Cultural é muito procurado na Europa, Grécia, Turquia, Egito, Índia entre outros. Buscando sempre interesses em especial tais como: monumentos históricos, museus, santuários e lugares santos;

Tradições Culturais: festas populares, festas religiosas, musicais, balé e dança folclórica, exposições de arte, festivais e também exposições de artesanato.

Parques Temáticos: a Melhor Idade também adora Parques Temáticos onde eles podem estar aproveitando o seu tempo ocioso para se divertir e também estar se distraindo.

Cruzeiros Marítimos e Fluviais: fazer um mini-cruzeiro pela costa brasileira é também um lugar onde se pode encontrar o público da Melhor Idade. A melhor data é no verão mas não dependem do verão, férias escolares entre outras datas festivas para sair em viagem. Pode-se passear pelos rios Amazonas, São Francisco, Paraná, Paraguai entre outros. Comodidade que os navios proporcionam tornando-os cada vez mais parecidos com resort flutuantes. Restaurantes, bares, shows e lojas estão a bordo, a alguns passos das cabines.
Os roteiros longos, ou em navios mais caros, tendem a atrair um público de faixa etária mais elevada. É o caso dos cruzeiros para o Alasca e o Norte da Europa. É bom verificar a programação antes da viagem, para não correr o risco de embarcar num cruzeiro temático, voltado para a comunidade GLS ou para aficionados de ginástica.

Turismo de Interior: cidades balneárias como Caldas Novas, Caldas da Imperatriz, cidades como estação de água como Caxambu, Cambuquira, São Lourenço, Águas de São Pedro, Araxá, e Termas de Jurema em Iretama no interior do Paraná são destinos procurados para a Melhor Idade.

Caça e Pesca: Podemos encontrar também no Pantanal, Amazônia, rio Paraguai, Cerrado, Lagoa dos Patos, Lagoa Mirim no Rio Grande do Sul e tantos outros lugares paradisíacos no Brasil;

Rural: hotéis fazendas e pousadas no interior dos estados;

Esporte:Ginástica, hidroginástica;

Educação: palestras sobre qualidade de vida e cursos de aperfeiçoamento.

Turismo para Melhor Idade no exterior:
Portugal, Espanha, Chile e Argentina são os países prediletos dos turistas brasileiros da Melhor Idade. Roteiros religiosos em cidades como Fátima (Portugal) começam a dividir as preferências com destinos que até pouco tempo atrás eram mais procurados por jovens mochileiros, caso das caminhadas em Machu Picchu, no Peru. Os Estados Unidos são outro destino concorrido. E também melhor preparado: há até hotéis com andares exclusivos para viajantes veteranos, como os das redes Rodeway Inn, da cadeia Choice (www.choicehotels.com). Em comum, eles contam com apartamentos localizados no andar térreo, uma melhor iluminação, tratamento acústico especial, barras de apoio nos banheiros, relógios com a numeração maior e controles remotos de TV com botões mais legíveis.

Descontos para Melhor Idade:
Na Inglaterra, visitantes com mais de 60 anos têm desconto em museus e atrações turísticas. Mas isso não é regra em todo lugar do mundo. Os ônibus e metrôs cobram menos dos passageiros com mais idade, desde que eles morem na cidade. Já nos trens, os turistas pagam tarifas mais baratas, dependendo do país. A Amtrak, nos Estados Unidos, oferece desconto de 15% para maiores de 62 anos. Há hotéis que também oferecem tarifas mais baixas, como os Paradores da Espanha (www.parador.es). Maiores de 60 anos pagam 35% menos nas diárias dos mais de oitenta estabelecimentos que compõem a rede. No Brasil, idosos têm acesso livre ou a custo reduzido em museus. No transporte público, por lei, os maiores de 65 anos podem se deslocar dentro dos municípios sem pagar um centavo, basta apresentar o RG. Quanto a descontos em hospedagem, ainda são poucos os hotéis que adotam essa política.

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos


LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.

Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências.


CAPÍTULO X

Do Transporte

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.

§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de sua idade.

§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos.

§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte previstos no caput deste artigo.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica: (Regulamento)

I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos;

II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.

Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos direitos previstos nos incisos I e II.

Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso.

Art. 42. É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo.

O Seblante de Curitiba

O Seblante de Curitiba
12/05/2003
Como um artista, esculpiu o semblante da cidade. Construiu a fisionomia urbana de Curitiba. Porque exerce um desses ofícios em que o criador mantém eterna a relação com a obra.

O curitibano pode desconhecer, mas esse arquiteto projetou o cenário de boa parte de nosso mundo cotidiano: montou palco para o drama, à Ópera ou para Comédia; preparou lugar para os viajantes, edificou um complexo só para estudantes, construiu o espaço ocupado pelos Prefeitos e até ajeitou o escurinho de algum cinema.

E na verdade, nem é arquiteto. Optou pela Engenharia Civil. É que naquele tempo o engenheiro projetava, desenhava, fazia e acontecia na Arquitetura. Nesse caso, também fez acontecer a cidade.

Não é à toa que Curitiba tem a "cara" dele. Talvez não tenha o mesmo humor, já que Rubens Meister gosta de um papo e não dispensa um sorriso. Mas tem sua fachada. Difícil encontrar o cidadão que nunca tenha colocado algum pé na obra dele. Elitismos à parte, porque ele não fez só o Teatro Guaíra. Você sabe de alguém que nunca foi a Prefeitura? Pode saber...

Mas, e de alguém que nunca pisou na Rodoferroviária, nem que fosse só para comprar passagem, buscar um parente ou até acompanhar o vai-e-vem dos ônibus? (Tá certo que rodoviária não é aeroporto, mas...) Vamos além. Meister fez o Auditório da Reitoria, projetou o Teatro do Sesi e o Sesc da Esquina, a Caixa Econômica da Praça Carlos Gomes e foi o responsável pela primeira etapa do Centro Politécnico. Fez o projeto de restauração da parte interna do Palácio Avenida e de residências como a do Cônsul da Áustria e do empresário Manoel Rosemann. Sempre assessorado pelo sócio, o arquiteto Elias Lipartin.

Mas o inusitado mesmo foi a construção do Guaíra. Recém-formado, com 26 anos, Rubens Meister trazia na bagagem o prêmio do concurso para a criação do Panteón da Lapa, que dividia com o arquiteto Romeo Paulo Costa, responsável também pelo projeto da Biblioteca Pública do Paraná. Era o final dos anos 40 e o Governo buscava a melhor forma para o “Teatro Oficial do Estado”. Ninguém suspeitava que ele iria se converter no famoso Guiarão.

O projeto de Meister, considerado “avançado”, foi classificado em terceiro lugar. Os cariocas levaram o prêmio, mas não deram forma para o Teatro. A polêmica era grande, apoiavam a idéia de Meister. Mas também se pedia Arquitetura Tradicional e o Guairão esperou o Governo de Bento Munhoz da Rocha Neto para sair do papel, com o projeto de Meister. Até a inauguração apresentou imprevisto. Foi em 54; o Guairinha ficou pronto primeiro.

O governador Munhoz da Rocha Convidara o Presidente Café Filho para conhecer o novo teatro. O país atravessava um momento delicado, a morte de Getúlio Vargas ainda ditava o tom. Tudo podia ser “atentado”. Foi quando governador e presidente ganhavam juntos a entrada do pequeno auditório. Lá dentro, os últimos detalhes eram acertados. O lustre, improvisado para a construção, ficara esquecido. Ainda estava pendurado no forro, balançando, aquela bacia recheada de lâmpadas. Embaixo o auditório vazio. As autoridades se aproximavam. Só deu tempo de gritar: “Coooorta”. Foi um estrondo, cacos pelo chão. Os repórteres (para variar) falavam em atentado. Bento Munhoz foi mais ligeiro. Lançou-se a uma poltrona e convidou o presidente para experimentar o lugar ao lado. “Veja, não são confortáveis?”, aliviou o governador. Habilidade de político para salvar o espetáculo. Pano rápido.
Por: Luiz Henrique Weber - jornalista

Etnias no Paraná

Etnias no Paraná
22/02/2003

Colonizaram o Paraná. Eles trouxeram na bagagem sua cultura, costumes e tradições. São elas: As etnias migratórias! Vieram para encontrar a paz numa terra desconhecida, que prometia muito trabalho, a esperada terra, produção e tranqüilidade.

O Paraná é um dos estados com a maior diversidade étnica do Brasil. Por isso também o turismo em Curitiba é muito explorado. São alemães, árabes, espanhóis, holandeses, índios, italianos, japoneses, negros, poloneses e ucranianos, povos estes que ajudaram a construir o nosso Paraná atual.

A colonização maciça só começou depois da proibição do tráfico de escravos, o que aumentou a procura de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de café, principalmente no Norte do Estado. Essa mão-de-obra assalariada passou a ser a melhor alternativa para o desenvolvimento da pecuária, até então era a principal cultura do Paraná, e das lavouras de café.

Foi a partir de 1853, quando o Paraná deixou de ser província de São Paulo, que o Governo local iniciou uma campanha para atrair novos imigrantes. Foi entre 1853 e 1886 que o Estado recebeu cerca de 20 mil imigrantes colonizando então o Paraná formando colônias no interior e na capital do Estado.

Alemães - Foram os primeiros a chegarem ao Paraná, em 1823, fixando-se em Rio Negro. Chegaram ao Estado no período entre as guerras mundiais, fugindo das batalhas e barbaridades. Trouxeram ao Paraná todas as atividades a que se dedicavam, entre elas a olaria, agricultura, marcenaria, carpintaria, entre outras. A medida que as cidades prosperavam, os imigrantes passaram a exercer também atividades comerciais e industriais. Hoje, a maior colônia de alemães está no município de Marechal Cândido Rondon, que guarda na fachada das casas e na culinária. Estão concentrados também em Rolândia, Cambé e Rio Negro. A maioria vinda ao Paraná era de Santa Catarina.

Árabes - Eles se instalaram em Paranaguá logo de princípio. Mais tarde eles foram para Curitiba, Araucária, Lapa, Ponta Grossa, Guarapuava, Serro Azul, Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu, que hoje tem a maior colônia árabe do Estado. Em Curitiba apareceram em maior número após a Segunda Guerra Mundial, quando chegaram a constituir cerca de 10% da população.
Uma das maiores influências dos árabes no Estado está na gastronomia, onde os temperos e condimentos passaram a ser incorporados a culinária de modo geral, além dos kibes e esfihas que até hoje estão presente na mesa dos paranaenses. Os imigrantes dedicaram-se principalmente à produção literária, arquitetura, música e dança.

Espanhóis - Eles chegaram ao Paraná formando Colônias nos municípios de Jacarezinho, Santo Antônio da Platina e Wensceslau Brás. Entre 1942 e 1952 a imigração espanhola tornou-se mais efetiva. Novos municípios, principalmente na região de Londrina, foram formados por esses imigrantes. Desenvolveram muitas atividades comerciais, artesanais e relacionadas à indústria moveleira.

Holandeses - Eles chegaram no Paraná em 1909, instalaram-se em uma comunidade próxima a Irati. Algumas famílias acabaram voltando para a Holanda, outras foram para a região dos Campos Gerais onde em 1925 fundaram a Cooperativa Holandesa de Laticínios. A Cooperativa trouxe a consolidação da colônia de Carambeí. A Castrolanda é a povoação mais recente de holandeses na região.

Índios - Em 1500, o Brasil foi habitado por tribos indígenas, que viviam espalhadas por todo o território nacional. No Paraná, o habitantes primitivos também eram os indígenas que formavam grandes grupos ou tribos, os Jê ou Tapuia e a grande família dos Tupis-Guarani. Os Carijó e Tupiniquim habitavam o litoral; os Tingüi, tem um parque em sua homenagem, a região onde hoje é a nossa Curitiba; os Camé, a região onde hoje é o município de Palmas; os Caigangue e Botocudo habitavam o interior do Paraná. Os primeiros caminhos do Paraná foram feitos pelos índios e usados pelos bandeirantes para penetrar no território: Caminho de Peaberu, Caminho da Graciosa, Caminho de Itupava e Estrada da Mata.

Italianos - Sem dúvida os italianos foram os que ocuparam o primeiro lugar nas imigrações brasileiras. No Paraná eles contribuíram muito trabalhando nas lavouras de café e, mais tarde, em outras culturas. A principal concentração desses imigrantes no Estado está na capital, Curitiba, em Morretes, no litoral, e nas cidades de Palmeira e Lapa, onde existiu a colônia anarquista de Santa Cecília. Os italianos contribuíram também na indústria e na formação de associações trabalhistas e culturais. Santa Felicidade e Colombo hoje estão povoadas com italianos e seus descendentes. Muitos italianos hoje estão concentrados nos bairros do Água Verde, Portão, Rebouças e região central. Migraram fugindo também das guerras. Uma das viagens de navio da Itália para Paranaguá, minha familia estava presente. É um povo muito alegre e comunicativo.

Japoneses - Os imigrantes japoneses se fixaram no Norte Pioneiro, trazendo a tradição da lavoura. Como, porém, desconheciam técnicas agrícolas relativas às culturas tropicais, se dedicaram a piscicultura, horticultura e fruticultura na economia regional.
Alguns dos produtos introduzidos no Estado pelos japoneses foram o caqui e o bicho da seda.
Maringá e Londrina são hoje em dia as cidades paranaenses que concentram o maior número de japoneses. Uraí e Assaí originaram-se a partir de colônias japonesas. Com grande representatividade desta etnia.

Negros -O Paraná tradicional, isto é, o Paraná da mineração, da pecuária, das indústrias extrativas do mate e da madeira, e da lavoura de subsistência , foi heterogênia, estando presentes os mesmos elementos, a população das outras regiões brasileiras: o índio, o europeu, o negro e seus mestiços. Sociedade também marcada pela escravidão e na qual foi significativa a participação econômica e social dos escravos negros.
Na primeira metade do século XIX o número relativo de representantes da raça negra foi 40% do total da população da Província.
Em Curitiba, o escravo estava presente no trabalho doméstico, mas também tinha lugar importante no cenário cultural da cidade. Eles mostravam seu talento musical participando de "cantos" e "danças" no largo do mercado municipal.

Poloneses - Eles chegaram ao Paraná por volta de 1871, e fixando-se em São Mateus do Sul, Rio Claro, Mallet, Cruz Machado, Ivaí, Reserva e Irati. Em Curitiba, fundaram várias colônias que hoje são os bairros Santa Cândida e Abranches. Ajudaram a difundir o uso do arado e da carroça de cabeçalho móvel, puxado a cavalo. Dedicados à agricultura, ajudaram a aumentar a produção do Estado.

Ucranianos - Eles chegaram no Paraná entre 1894 e 1897. Mais de 20 mil Imigrantes chegaram ao Estado e formando suas principais colônias em Mallet e Prudentópolis. Presentes também nos municípios de União da Vitória, Roncador e Pato Branco. No bairro champagnat têm a praça da Ucrânia batizada em sua homenagem. Hoje o Paraná abriga a grande maioria de ucranianos que vivem no Brasil: 350 mil dos 400 mil imigrantes e descendentes.

David Carneiro (in memorian)*

David Carneiro (in memorian)*
11/11/2002

Sempre comemoramos no mesmo dia o aniversário de meu Pai e a festa da cidade. Ele tinha um certo orgulho íntimo de ter tido certo sempre seu nome tão diretamente vinculado ao de sua cidade. Esta cidade que se transformou numa “urbs” crescente, partindo do estado de pequena cidade interiorana, cujo avanço ele muitas vezes lamentou. Mas não fazia um passeio por suas lembranças sem voltar entusiasmado: “como Curitiba está linda...”; ou: “como cresceu!... talvez um pouco demais... para meu gosto”. Dizia ele.

Nascido na parte central da cidade velha, na atual Rua Mateus Leme, ainda criança passou a viver na região que mais tarde seria o Batel, tendo conhecido, quando menino, os rios e os bosques antigos; falava muito do verdadeiro pantanal que era a Praça Santos Andrade, e, por isso mesmo, dos muitos sapos que ali coaxavam. Por seus arriscados caminhos ninguém se aventurava a passar ao começar a noite, não por qualquer risco de assalto, mas porque por um descuido qualquer pessoa podia afogar-se na lama.

Tendo vivido no Rio de Janeiro, onde passou parte de sua adolescência, atribuía àquela cidade parte considerável dos problemas administrativos e políticos que o país enfrentava. Certa vez, em casa dos Carneiro de Mendonça, teve forte altercação com Carlos Lacerda, o Jornalista em evidência que se preparava para ser político de expressão nacional. A causa era a nova capital, Brasília, cuja fundação David Carneiro defendia ardorosamente ao passo que Lacerda então se iniciava e este pediu a meu Pai que escrevesse livro apresentando suas razões; ele escreveria outro replicando com argumentos contrários. David Carneiro voltou para casa e escreveu “Brasília e os Problemas da Federação Brasileira”, que encaminhou a Lacerda. Ficou sem resposta ou comentário.

Muitos anos mais tarde, viveu algum tempo na nova capital que sempre lhe pareceu ter contribuído para dar feição nova a nosso país. A questão universitária desde então passou a empolgá-lo e sobre ela escreveu muito, tanto em livros quanto em artigos de sua “Veterana Verba”. Mas sua cidade natal era sempre a sua menina dos olhos; especialmente a partir dos tempos em que ela passou a usufruir universal notoriedade.

Há mais uma pessoa ausente nas festas de comemoração: David Carneiro. Mas entre nós, seus velhos amigos, estaremos lembrando muitas das lembranças que ele desfiava para nós: “ da minha Curitiba”; da jovem centenária que, ao que tudo indica, se rejuvenesce com o passar do tempo...

Fenômeno que teria desejado mas não viveu o suficiente para testemunhar.

• *David Carneiro Júnior é engenheiro e economista, professor da Universidade Estadual de Maringá.
• O historiador David Carneiro faleceu em agosto de 1991, aos 86 anos de idade.

Passeio Público... Público!

Passeio Público... Público!
10/11/2002

Dois de maio de 1886. Domingo, três horas da tarde. A multidão aglomerava-se nas imediações do charco para a solenidade de inauguração do Passeio Público. As obras estavam inacabadas, mas importava ao Presidente da Província, Visconde de Taunay, oficializar a entrega à população curitibana daquele audacioso empreendimento. Relatava a “Gazeta Paranaense” da data: “... uma oitava parte era terreno firme, sendo o restante um banhado impraticável e insalubre”.

Governos antecessores teriam imaginado o saneamento do local. A quantia estimada, porém, em torno de cem contos de réis, era alta para os cofres do tesouro. Taunay, no entanto, encontrou em Francisco Fasce Fontana disposição para implantar o projeto, nomeando-o administrador do recém-criado logradouro.

O Comendador Fontana, nascido e educado no Uruguai, dedicara-se à carreira comercial e por interesses da sua empresa veio ao Paraná tratar de assuntos referentes à erva-mate. Acabou por radicar-se em Curitiba, justamente em chácara defronte ao atual Passeio Público, conhecido na época por banhado do Bittencourt.

Confira o conteúdo desta matéria clicando em leia mais.:.

A implantação do logradouro já exigia medida de saneamento, já que havia preocupação com a proliferação de doenças, em especial a febre amarela, o que poderia representar entrave a imigração de colonos europeus. É inegável a contribuição que prestaram o Comendador Ildefonso Correia (depois Barão do Serro Azul) o engenheiro Lazzarini e o sucessor de Taunay, presidente Faria.

Fontana imaginava ser possível manter o Passeio Público com a receita gerada no próprio parque, proveniente de um carrossel, de gôndolas e de um “chalet” de vendas de bebidas e sorvetes, conforme o seu próprio relatório. As somas despedidas na manutenção e melhoramento do logradouro, todavia, eram elevadas. Parece que Fontana via as coisas de forma diferente, porque os problemas se agravavam. Insatisfeito com a redução das verbas destinadas do poder público impõe-se com a diretoria de tesouro provincial, terminando por exonerar-se da responsabilidade, após dois anos e meio de dedicação ao Passeio Público. Não satisfeito e irritado pelo descaso das autoridades e numa forma particular de protesto, Francisco Fasce Fontana fechou, então, os portões deixando para fora, em dia de grande movimento, não só a banda de música como também a população enfurecida, que, alheia às intrigas, acabou por arrombar todas as entradas. A turma não poderia conceber de outra maneira: afinal de contas, o Passeio Público era público e, portanto, do povo! Isso tudo no século passado.

Nos anos 70, no início da gestão de prefeito Saul Raiz, o Passeio foi cercado por grades de ferro. A gritaria foi grande, inclusive com repercussão negativa da imprensa.

Fadada ao insucesso, a cerca metálica foi providencialmente removida!

Talvez tenham tido o alcaide curitibano e seus comissionados oportunidade de ler as notícias da época de Fontana e chegado particularmente à conclusão de que o Passeio Público deveria mesmo continuar sendo do povo!

Por: Zalmir Silvino Cubas – médico veterinário

"Seu portão é cópia fiel do que existiu no Cemitério de Cães de Paris.

"O Passeio Público também foi o primeiro zoológico da cidade."

Atualmente funciona como sede do Departamento de Zoológico da SMMA abrigando pequenos animais."

Memória da Curitiba Urbana

Memória da Curitiba Urbana
13/07/2002
Depoimentos:

Dúlcia Auríquio e Cassio Taniguchi.

- Isto está tudo aqui narrado, sejam nos depoimentos daqueles que estiveram diretamente envolvido no processo da construção de uma cidade mais acessível a todos, seja nas interpretações que este processo tem possibilitado.

Os relatos e as análises de profissionais de diferentes áreas mostram também que em conseqüência, a mais profunda transformação, vivida por Curitiba foi, inegavelmente a cultural.

A população viu surgir diversificados espaços de recreação, ou melhorados por aqueles já consagrados. Viu prerservadas ou recicladas suas referências tradicionais. Pôde voltar a caminhar pelo centro da cidade, agora uma ampla sala de visita. Passou a ter a cidade à sua disposição, em todos os quadrantes.

Marcante transformação a de ontem, porque exige do IPPUC mais e mais sensibilidade no acompanhamento do desenho presente e futuro da cidade. Marcante transformação, porque permanece tecendo os destinos desta Curitiba que se quer cada vez mais humana.
Cassio Taniguchi
Atual Prefeito de Curitiba


Depoimento de Dúlcia Auríquio

A história é um pouco longa. Nós realmnte tinhamos uma equipe de planejamento, dentro de Departamento de Urbanismo da Prefeitura de Curitiba. Essa equipe estava sempre ligada a coisas de uso do solo, ocupação territorial com ou sem autorização. A gente sentiu que a cidade estava correndo meio depressa. Essa equipe de planejamento fez um trabalho de campo, percorrendo a cidade inteirinhapara ter conhecimento do uso do solo que estava acontecendo espontaneamente e para sentir se havia necessidade de modificação ou se mantinha como estava. A idéia era de se fazer uma interferência com a base mais séria.

Percorremos a cidade durante seis meses e depois mais outro tanto, em trabalho intensivo, e o levantamento foi mapeado, estudado, trabalhado por essa equipe de planejamento - não exatamente planejamento, mas um plano de acompanhamento. Protegemos aquelas áreas que tinham que ser desenvolvidas para coisas melhores; as que já estavam sendo deterioradas, delimitamos, para não se estender esta deterioração - serviços pesados, oficinas, estes tipos de atividades - em zonas residenciais boas.

Existia a Lei de Uso do Solo, montada pelo Luiz Armando Garcez, sobre levantamento precário. Contávamos então com a Lei de Uso do Solo, com um levantamento precário, indicando o que tinha alinhamento, o que era recuado. Era algo muito genérico, mas havia, montada por Luiz Armando Garcez, do Departamento de Urbanismo, que havia feito curso na Inglaterra. Ele e Saul Raiz tinham essa visão e montaram a primeira fase. Na realidade, o que havia de plano diretor era o Plano Agache. Dentro dele havia este trabalho de zoneamento, uso do solo, arruamento.

Karlos Rischbieter, então presidente da CODEPAR e depois do BADEP, que tinha uma mentalidade voltada para o urbanismo - entrou na história perguntando: "Por que a gente não fazia um plano diretor novo, ao invés de ficármos com o Plano Agache?". O prefeito, Ivo arzua Pereira, disse: "Há um plano, vamos segui-lo". Começamos a alargar as ruas XV de Novembro e Marechal Deodoro, que eram estreitinhas, no centro da cidade. Isto nos abriu os olhos, no sentido de que seguir o Plano Agache muitos anos depois, sem uma adaptação, não tinha porquê. Precisaríamos de uma coisa mais atualizada e dentro da realidade. Rischbieter se propôs, através do CODEPAR, a financiar um plano. Houve uma concorrência, vencida pela Serete. O novo já era outro sistema, outro enfoque.

Essa equipe de planejamento - que era uma Divisão de Planejamento do Departamento de Urbanismo - formou a equipe de acompanhamento da vencedora da concorrência (a equipe paulista que veio trabalhar aqui). Isto foi uma exigência do CODEPAR e de Urbanismo também. Porque, se os paulistas fizessem o plano e saíssem, como ficaria? Então a gente precisava trabalhar junto, desde as pesquisas básicas até a definição final de planejamento, para que depois o pessoal daqui deslanchasse tudo, sossegado.

Para o desenvolvimento do Plano Diretor, havia sempre reuniões entre a equipe paulista e a nossa, para troca de informações e procura de caminhos. Depois eles montaram o Plano Diretor de Curitiba, em cuja implantação começamos a trabalhar. O prefeito sentiu a necessidade de ter um instituto para isso, um órgão próprio que não fosse a Divisão do Departamento de Urbanismo - sem força para a implantação do Plano Diretor. Este órgão começou sendo APPUC (assessoria de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba).

O mapa da Vasp e uma encomenda da Força e Luz foram nossas bases para o mapeamento inicial.

Para o mapeamento inicial, partimos de um levantamento aerofotogramétrico que havia da Vasp, e começamos a trabalhar sobre ele. Mas o mapa, precisava de algumas correções e não estava atualizado. Nós aproveitamos uma encomenda da então Companhia Força e Luz, que queria uma diretriz de arruamento - o da cidade toda em pranchas de 60x60 - para poder localizar os estabelecimentos que tivessem ligações elétricas. Esse mapeamento foi feito - foi o primeiro mapa que saiu do IPPUC - e aproveitamos esta base. O mapa foi chamado de "Diretriz de Arruamento", porque não era estritamente técnico, mas para atender ao pedido da Cia. Força e Luz. A partir daí, com o mapa da Vasp e o anterior - um exelente, do exército, de 1953 - e a "Diretriz de Arruamento", fomos compondo um mapa totalmente confiável. Obtivemos dados em cartórios, em estabelecimentos particulares, na Região Metropolitana. Todo o pessoal que tinha loteamento aprovado nos forneceu elementos, que reduziamos em escala para montar o mapa. Ele ficou tecnicamente certo, porque as medidas todas foram conferidas nos locais. Houve um trabalho muito sério da equipe de campo de topografia e novas aerofotos. Aos poucos fomos indo, para ter um mapa tecnicamente correto dentro das normas.

Desde esse mapa, todos os loteamentos aprovados eram encaminhados ao IPPUC, que reduzia a escala e mapeava. Assim fomos sempre tendo acompanhamento. Todos os mapas posteriores foram feitos na escala desse primeiro mapa-base, pela outra equipe extremamente competente do IPPUC, reconhecida nacionalmente.

Caminharam praticamente juntos o mapeamento e o desenvolvimento do Plano Serete. Pelo plano, a gente sentiu a necessidade de um mapa e começou a trabalhar nisto. Ambas as coisas iam acontecendo paralelamente. Além disto, tínhamos o levantamento de uso do solo da cidade inteira e o acompanhávamos sempre. Havia uma equipe que se encarregava do zoneamento. Por exemplo, vinha um pedido para uma instalação de um uso qualquer, não residencial (porque este era tranqüilo e pacífico) era verificado no mapa o levantamento e se podia ou não. Na maioria das vezes, a cidade era toda percorrida novamente, para se ver essas coisas em cogitação. Começou a haver uma informação campo-escritório muito intensa. Fomos conseguindo ter muitos elementos, também, de uso do solo.

À medida que foi sendo implantado o Plano Serete, começaram a aparecer questões de circulação, hierarquia de vias, etc. Daí em diante a coisa foi para a frente, porque já havia disponíveis todos ou elementos, amarrados uns aos outros, em mome de um planejamento eficiente.

Biografia
Dúlcia Auríquio - Nasceu em Marechal Mallet-Pr, em 05.09.1928. Formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná em 1954. Iniciou no serviço público como Engenheira da Divisão de Planejamento do Departamento de Urbanismo, em 1960. Foi membro da Comissão encarregada da elaboração do novo Zoneamento de Uso do Solo (1961), da Comissão encarregada da revisão do Código de Posturas (1962) e da Comissão Coordenadora Central dos Trabalhos do Seminário "Curitiba de Amanhã" (1965). Participou da criação da APPUC (1965) e da implantação do IPPUC, tendo assunido interinamente a presidência deste órgão em 1968.

A metamorfose de Minas

A metamorfose de Minas
16/09/2004
No final do século XVIII e início no século XIX o território da então Capitania de Minas Gerais era quase a metade do que se constituirá a Província (1822-1889) e atual Estado. No dizer de Saint Hilaire era quase como um losango. Resumia-se no espaço delimitado para as atividades mineradoras de ouro e diamante.

Os colonizadores portugueses, com todas as dificuldades, mantiveram a mineração da forma que mais lhes convinham, com a prevalência do arcaismo, enquanto:

a) existiam jazidas superficiais, isto é, depósitos aluvionais recentes, em que os minerais podiam ser extraídos com instrumental e técnicas rudimentares;

b) foi possível manter a repressão para abafar revoltas, motins e resistências contra os privilégios e as injustiças;

c) puderam evitar as mudanças modernizadoras do sistema exploratório que exigiam aplicações de capitais a longo prazo e tecnologia mais apropriada;

d) foi possível nutrir no povo a crença de que os lusitanos eram eleitos por Deus para colonizar, isto é, obrigar o povo a aceitar a sacralidade da colonização.

A administração pombalina (1750-1777) havia preparado a sociedade colonial para mudanças nas estratégias de colonização; as idéias iluministas e as transformações na vida institucional da Europa fizeram aflorar as contradições latentes no âmbito da sociedade mineradora espoliada, que resolveu se rebelar. (1789). Os colonizadores perceberam que não podiam ou não conseguiam mais manter a mineração aurífera. A punição aos inconfidentes com degredos, confinamentos e pena de morte foi aterrorizante, como revela o esquartejamento de Tiradentes. Igualmente rigorosas foram as perseguições sobre os habitantes das cidades auríferas, com prisões, confiscos de bens e humilhações públicas. A partir da Inconfidência Mineira as cidades do ciclo do ouro passaram por um melancólico esvaziamento. Os mineradores, os clérigos e escravos se distanciam das cidades buscando longínquas terras. Por onde chegam os ex-mineradores já transformados em agropecuaristas, vão empurrando as linhas divisórias da Província de Minas. No dizer de Carrato, uma verdadeira diáspora. Os migrantes partiram em massa na busca de novas aventuras, encontrando imensas florestas e terras desabitadas. Às vezes ainda tentavam a mineração de ouro ou de gemas, mas acabavam abrindo currrais, fazendas e pequenos negócios; começam a ereção de capelas, criação de freguesias ou vilas. (CARRATO, J.F. 1968)

Região aurífera. No momento da Inconfidência e logo depois do dia 21 de abril de 1792, os espaços inexplorados nas imediações dos centros auríferos começaram a ser ocupados, atestando isso a criação de novos municípios, como em 1789, Itapecerica; em 1790 Conselheiro Lafaiete; 1791, Barbacena; 1798, Campanha e Paracatu; em 1831, Formiga e Itabirito, 1831; Bonfim e Santa Bárbara, 1839; Conceição do Mato Dentro, 1840; Piranga, e Pium-i, 1841 e Pará de Minas, 1848.

Para o Nordeste, já no século XIX a expansão é mais para os limites extremos da província e para além de suas fronteiras, como o Jequitinhonha que pertencia à Bahia até o final do século XVIII. Dois fatores motivaram as migrações do Losango Aurífero para aquela região: a criação extensiva e exploração das pedras preciosas. Em 1831 foram criados os municípios de Diamantina e de Rio Pardo; em 1840, Grão Mogol; em 1857, Araçuai.

Ao Norte, a margem esquerda do Rio São Francisco que pertencia a Pernambuco, é transferida para Minas em 1824. Desde o final do século XVIII vinha recebendo migrantes mineiros dedicados à criação de gado bovino, contribuindo para a ocupação também da margem direita. Em 1831 são criados os municípios de Montes Claros, Curvelo e São Romão e em 1833, Januária.

Para o Leste os mineiros empurram a divisa com o Espírito Santo para a Serra dos Aimorés, até 1800 quando foi estabelecida oficialmente a fronteira, em permanentes confrontos com os índios da Zona da Mata. Em 1831 é criado o município de Rio Pomba, em 1839, Rio Branco; 1841, Piranga; em 1850, Juiz de fora; em 185l, Mar de Espanha; em 1853, Ubá; 1854, Leopoldina; 1855, Muriaé; 1857, Ponte Nova; 1875, Peçanha, Cataguazes; 1877, Manhuaçu; 1878, Carangola; 1879 Caratinga; 1889, Santos Dumont.

Para o Sul, em direção a São Paulo, cujos limites são traçados desde 1720, as migrações foram mais aceleradas com a criação intensiva e fazendas de policultura. Surgem os municípios de Baependi e Jacui, em 1814; Lavras e Pouso Alegre, em 1831; Aiuruoca em 1834; Oliveira em 1839; Três Pontas, em 1841; São João Nepomuceno, em 1841; Campo Belo em 1848; São Sebastião do Paraíso, em 1870; São Gonçalo do Sapucaí e Poços de Caldas, em 1888.

O Triângulo Mineiro que pertencia a Goiás, em face do grande número de migrantes da região aurífera, forçou sua passagem para Minas Gerais em 18l6. Em 1831 cria o município de Araxá; em 1836, Uberaba; em 1840 Patrocínio; em 1856, Estrela do Sul e em 1866, Patos de Minas.

Ruralização As três primeiras décadas do século XIX foram de transformações radicais para Minas. Passou da condição de centros urbanos para pequenas vilas, isto é, a ruralização da sociedade com reflexos imediatos na cultura e na política. Basta dizer que de 1801 a 1830 foram criados apenas dois municípios em Minas (Baependi e Jacui). Nesse período os viajantes estrangeiros observam o melancólico esvaziamento das cidades do ouro. Saint Hilaire diz que era fácil encontrar pessoas maltrapilhas e esfarrapadas em tais cidades. (SAINT HILAIRE, A 1938). Spix e Martius passando pela Comarca do Rio das Mortes, observavam que por lá reinavam a ruína e a selvageria e que até as estradas morriam abandonadas. (SPIX, J.B & MARTIUS, K F P von, 1938) O comerciante inglês John Mawe descreve um quadro sombrio sobre Serro, Conceição do Mato Dentro e Itambé. (MAWE, J. 1944)

Por muito tempo Minas continua sendo a província mais populosa do País, mas o eixo histórico se desloca para o Rio de Janeiro. A Inconfidência que havia virado Minas de ponta-cabeça permaneceu oculta para os políticos e historiadores até a deflagração do Movimento Republicano, no final do século XIX.

Ecletismo

Durante o período colonial o embate das idéias iluministas com as provindas do Barroco, com seu dogmatismo fechado, rígido, conservador e absolutista, impedia qualquer forma de livre pensar, de livre expressão. Sabemos que a penas de degredo imposta aos inconfidentes foi em função de suas idéias iluministas. Qualquer princípio científico ou tecnológico avançado metia medo aos portugueses. Admitia-se somente uma espécie de empirismo mitigado, suave, que não oferecesse perigo à ideologia dominante. O mineralogista Dr. José de Sá Bitencourt e Acioli, implicado na Inconfidência Mineira, irmão do Intendente Câmara, teve seus projetos rechaçados pela política de Lisboa, com imensos prejuízos tanto para os portugueses como para o Brasil. Porque foi capaz de fundir o ferro, de modo não oficial e por sua própria conta, teve que se refugiar na Bahia até que amenizassem as perseguições à sua pessoa. (RAPM, 1909 p 475) No lugar desse inútil empirismo mitigado entra o Ecletismo francês, nas idéias de Vitor Cousin (1792/1824) em face de conciliar sistematicamente posições diversas, ao invés das divergências radicais entre Iluminismo e Catolicismo. Para ele, toda filosofia contém alguma verdade. O pensamento de Cousin atenua o radicalismo da ideologia barroca em Minas e prepara o campo para o Romantismo e para o Positivismo.

O mais importante mentor do Ecletismo em Minas foi Dom João Antonio dos Santos (1818-1905) bispo de Diamantina.(RODRIGUES, J.C. 1966) O Ecletismo marca Minas Gerais de forma a confundir-se com a própria personalidade do mineiro: 1) na Estética, conciliando na mesma edificação, diversos estilos arquitetônicos e decorativos; conciliando lirismo e realismo na literatura tanto na prosa quanto na poesia; coexistência da música marcial heróica com a música romântica dos coretos e dos saraus. 2) Na Política, o mineiro ganhou fama de conciliador. O Ecletismo se manifesta de forma até pitoresca, presente no anedotário popular e na História do País. 3) Na Economia, especialmente na agricultura, o mineiro nunca preferiu a monocultura nem da cama de açúcar, nem o do café, nem do algodão e nem da soja agora. A pecuária de Minas é diversificada. Entre os mais de 20 milhões de cabeça de gado bovino do Estado incluem-se as mais variadas raças e formas de criação. 4) Sua população faz divisa com sete unidades da Federação; de variadíssima cultura, sotaques, forma de viver, de trabalhar e de se divertir. A eclética Belo Horizonte é a cidade que opera a proeza de reunir toda essa população e gestar toda essa diversidade de forma relativamente harmoniosa.

CARRATO, José Ferreira. Igreja, Iluminismo e escolas mineiras coloniais. São Paulo: Nacional, 1968.

MAWE, John. Viagem ao interior do Brasil. Rio de Janeiro: Zélio Valente, 1944.

Revista do Arquivo Público Mineiro.. Belo Horizonte, APM, ano XIV, 1909.

RODRIGUES, José Carlos. Idéias filosóficas e políticas em Minas Gerais no séc. XIX. Belo Horizonte, Itatiaia, 1986.

SAINT HILAIRE, Auguste. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. São Paulo: Nacional, 1938.

SPIX, J. B. e MARTIUS, K. F. P von. Viagem pelo Brasil.. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938.

Indicamos: Almir Wildhagen As Minas Gerais - Antonio de Paiva MOURA

Norte de Minas: dos primórdios à Revolução de 1930

Norte de Minas: dos primórdios à Revolução de 1930
16/09/2004
Localização e toponímia

A Região Norte para efeito deste projeto tem limite a Oeste com a região Noroeste, tendo como divisa a margem direita do Rio São Francisco. A Leste limita-se com a região do Vale do Jequitinhonha, sendo a divisa traçada nas cabeceiras dos afluentes esquerdos do Rio Jequitinhonha. A Norte limita-se com o Estado da Bahia. A Sul limita-se com a região Central, sendo bastante sinuosa a linha divisora.

Montes Claros foi o primeiro núcleo urbano irradiador da região. Arraial de Nossa Senhora da Conceição de Formiga, elevado a vila e município por decreto imperial de 13 de outubro de 1831. Desmembrados os municípios de Grão Mogol, Bocaiúva, Brasília de Minas, Coração de Jesus, Francisco Sá, Juramento e Mirabela. Grão Mogol foi criado pela lei 171, de 23 de março de 1840 e se desmembra em Porteirinha, Botumirim, Cristália, Itacambira. O município de Bocaiúva foi criado pela lei 1996, de 14 de novembro de 1873 e se desmembra em Engenheiro Navarro e Francisco Dumont. O município de Brasília de Minas foi criado pela lei 290 de 26 de dezembro de 1890 e se desmembra em São João da Ponte e Ubai. O município de Coração de Jesus foi criado pela lei 556 de 30 de agosto de 1911 e se desmembra em Jequitai, Ibiai e Lagoa dos Patos. O município de Francisco Sá foi criado pela lei 843, de 17 de dezembro 1938 e se desmembra em Janaúba e Capitão Enéas. Juramento foi criado em 1953 e Mirabela em 1962.

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Povoamento

Nas primeiras décadas do século XVI não havia homens brancos na região do São Francisco. As embarcações marítimas não eram apropriadas para a navegação fluvial, em águas correntes. Foi necessário um longo processo de adaptação, inclusive assimilação de técnicas indígenas na confecção das canoas de tronco de árvore. Com o aperfeiçoamento das embarcações, missionários e portugueses espalharam-se pelos afluentes do São Francisco. Os missionários chegaram antes que os portugueses como Padre Martinho de Nantes que documentou a ação portuguesa partindo da Bahia e de Pernambuco. No início do século XVII "já havia um número significativo de portugueses na região com seus escravos nativos preados em guerra e escravos negros; (...) e nesse contexto, a pecuária assume predominância: os currais ao longo das duas margens do rio" (NEVES, Z. 1998; 32) Ao contrário do século anterior, em que predominava o interesse pela produção do açúcar para exportação, no século XVII, os portugueses incentivavam a ocupação das duas margens do Rio São Francisco espalhando seus afluentes tanto da margem esquerda (Pernambuco), quanto direita (Bahia). Já no final do século Antonil registra as demarcações baianas partindo do Rio das Velhas até a barra do São Francisco. Registra um maior número de currais sob o domínio de Pernambuco ficando vago porém o ponto que atingiu rio acima. Antess da descoberta das minas de ouro o interesse da coroa era o abastecimento das povoações e engenhos da Bahia e Pernambuco, como observa Neves. "Aqui o que se deve reter de fundamental é a articulação entre o São Francisco e as cidades da Bahia e de Pernambuco, verdadeiras cabeças de ponte do processo colonizador". (NEVES, Z. 1998; 32)

A orientação da Coroa, com relação à colonização do Médio São Francisco é a mesma adotada a partir da capitania de São Vicente, isto é, nos primeiros momentos, século XVI, não havia interesse em ocupar o interior, senão a certificação da existência de riquezas minerais. No século XVII a penetração no interior é intensa: procura dos metais e pedras preciosas; escravização de índios e estabelecimento de currais. A inter-relação do São Francisco com os núcleos baianos e pernambucanos era coerente com o interesse da Coroa. Em diversos momentos do relato do Padre Martinho, constata-se a presença do Estado seja municiando os portugueses para a guerra contra os índios Carirís, seja nomeando capitães-mores na região ou arbitrando os conflitos entre a Igreja e os donos da terra e do gado". (NEVES, Z. 1998, 32) Na verdade a ocupação e povoamento do São Francisco, da foz para as nascentes foi lenta mas muito conflituosa como todas as outras regiões da colônia. A procura de novos espaços implica em escamotar, escravizar ou eliminar o indígena, com protesto do missionário. Uma das formas mais evidente que o processo de dominação concretamente assumiu, foi a escravização, conforme se pode inferir dos relatos do Padre Marinho. Mulheres cativas passavam à condição de concubinas dos colonizadores: é o que sugerem alguns comentários do missionário capuchinho como padre Martinho, numa localidade próxima a Juazeiro na Bahia. "Os índios estavam quase sem armas e mortos de fome. Renderam-se todos, sob condição de que lhes poupassem a vida. Mas os portugueses, obrigando-os a entregar as armas, os amarraram, a sangue frio, todos os homens de arma, em número de quase quinhentos; fizeram escravos seus filhos e mulheres". (NANTES, M. 1979; 53) Neves vai adiante registrando o fato de os missionários utilizarem os recursos náuticos dos indígenas. "Nesse particular, a apropriação cultural que então se processa, inclui a utilização das canoas indígenas pelos missionários, para a catequese de aldeias localizadas ao longo do rio. Os padres utilizavam-se dos serviços que os índios podiam prestar, ampliando o trabalho de catequese na região com o auxílio de grupos anteriormente contrastados" (NEVES, Z. 1998; 36). Os missionários associam-se aos índios; o branco traz o escravo africano e esses quatro elementos se interagem na formação da população nordestina ancoradas nos limites da região mineradora, que em breve surgirá.

Merecem estudos diferenciados as duas margens do Médio São Francisco no território mineiro. A direita por pertencer a Bahia e constituir-se em caminhos que antecedem à Mineração.(2) Antes dos bandeirantes paulistas os baianos percorriam a região, demarcavam terras e fixavam limites. A região constituía-se em grandes chapadões e baixadas próprias para pastagens, apropriadas para a criação de gado. A criação extensiva exigia grandes espaços. De forma intuitiva, desprovidos da racionalidade liberal, os fazendeiros comportavam-se de forma atualizada. Jogavam tudo para diminuir o custo de produção: terras gratuitas; mão-de-obra de custo mínimo; sal para o gado próximo às salinas, transportado pelo Rio São Francisco; proximidade dos centros aurífero e diamantífero. Mas quando surgiram núcleos de povoamento na região mineradora os currais começaram a margear o Rio das Velhas e se multiplicam. A população da Colônia, com a mineração, cresce em ordem geométrica, ampliando a área de ação do mercado até Piauí. (BARBOSA, W. A, 1979; 193) Antes da mineração a população da Colônia era de trezentos mil habitantes. No auge da exploração do ouro e do diamante foi multiplicada por onze, isto é, três milhões e trezentos mil habitantes, na maioria concentrada em Minas, fator primordial na formação do maior mercado consumidor da Colônia. Se por um lado havia o fator liberal do custo mínimo do produto, por outro lado a tributação exagerada chegava ao ponto de inibir o produtor de investir na pecuária.

Conforme longa pesquisa de Simão Pires a Capitania da Bahia ocupava todas as terras na margem direita do São Francisco e seus afluentes já na região mineradora de Pitangui; do atual Rio Pará, compreendendo as terras do morgado do mestre de campos Antonio Guedes de Brito (PIRES, S.R. 1979; 53) Trinta anos antes da oficialização da descoberta do ouro em Minas, Matias Cardoso de Almeida, seu filho Januário Cardoso, Antonio Gonçalves Figueira e Antonio Guedes de Brito, a serviço do governo da Bahia, desbravaram o território entre o morro do Chapéu e as vertentes do Rio Pardo, até a confluência do Rio das Velhas. (3) É verdade que Antonil, em 1701, cinco anos após a oficialização da mineração aurífera, acusa a existência de 500 currais de gado no lado direito do São Francisco, explorados pelos baianos na forma de arrendamento ou de aquisição de terras. A margem esquerda que pertencia ao Pernambuco, era menos explorada.

Em 1707 a Bahia reivindicava para si a região do Itacambira, com auxílio de seu Arcebispo. Mas como nos sertões os lugares não se definiam em face das modificações das denominações, as dioceses e capitanias não tinham como se orientar. Acontece que a partir do momento em que Minas se separa de São Paulo (1720); que se define como Capitania e que tem também a denominação de Gerais, ela se julga no direito de domínio onde quer que os metais e as gemas se aflorem. Então, a partir daí, é conveniente à Coroa portuguesa, apartar Minas tanto de São Paulo quanto da Bahia, focos de extravio do ouro, e logo depois, do diamante. Por isso, a fronteira de Minas, por ordem do Poderoso Conde de Assumar, de 23 de abril de 1721, manda estabelecer a divisa de Minas com a Bahia no que constitui a margem do Rio Verde Grande, desde sua nascente até a sua foz, isto é, o que eqüivale hoje ao trecho da divisa de Manga até Espinosa. Daí para Leste já corresponde às vertentes do Rio Jequitinhonha.

Além dos bandeirantes, baianos e pernambucanos uma grande onda de aventureiros de Portugal, Espanha e de outros países ocuparam o território de Minas. Diz Carvalho: "Não podiam os cavaleiros do oceano, os batalhadores e traficantes da Índia permanecer inertes na estreita planície costeira. Sonhavam com as fabulosas riquezas ocultas nas remotas paragens do Oeste. A Coroa fomentava o espírito de aventura, acenando aos pioneiros com altas honrarias e pingues mercês, além do ouro e das pedrarias no âmago da terra". (CARVALHO, D. 1957). Todos os acessos à região das minas eram difíceis. A eles interpunham-se enormes obstáculos naturais. A tentaiva de entrar no São Francisco pela foz, subindo-o contra a correnteza, esbarrou com o "Sumidouro", Cachoeira de Paulo Afonso. A procura de outros caminhos redundou em novas dificuldades: óbice igual, se não mais poderoso do que as florestas. Nestas o perigo era a solidão, sem veredas nem saídas. Nas caatingas era infalível o desnorteamento pela multiplicidade de trilhas. Para vir da Bahia à região das minas teriam os viajantes de atravessar a chapada seca, de 40 a 50 léguas despovoa, sem água; as escarpas abrutas da Serra do Espinhaço. (CARVALHO, D. 1957) Nas florestas encontravam insetos de picada venenosa, onças, serpentes venenosas; contaminação nas águas dos rios, além de jacarés e piranhas, raias de ferrão e sucuris. O maior empecilho à penetração estava na tenaz oposição dos índios. Selvagens tão primitivos que não conheciam a rede, nem os tecidos e vasilhas de barro e viviam exclusivamente da caça, da pesca e de coleta de frutos e raízes silvestres. Os índios usavam táticas desconhecidas dos europeus. Combatiam invisíveis nas tocaias e armavam fojos camuflados. (CARVALHO, D. 1957).

Vencidos os obstáculos a região das minas foi imediatamente ocupada por uma enorme quantidade de novos habitantes: índios, mestiços, negros, mulatos, portugueses, paulistas, baianos, pernambucanos e cristãos novos. Até o final do século XVIII a configuração territorial de Minas compreendia os núcleos de povoamento formados pela mineração de ouro e diamante. Na medida que iam descobrindo jazidas as fronteiras da Capitania iam se distanciando, como óleo no papel. O primeiro núcleo foi o compreendido pela atual região Metalúrgica: Barão de Cocais, Caeté, Congonhas do Campo, Catas Altas da Noruega, Itabirito, Nova Lima, Ouro Preto, Ouro Branco, Raposos e Sabará. Campo das Vertentes: Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Itapecerica, São João del Rei e Tiradentes. Sul: Aiuruoca, Campanha, Lavras, São Gonçalo do Sapucai, Natércia e Ouro Fino. Nordeste: Conceição do Mato Dentro, Diamantina, Minas Nova e Serro. Alto São Francisco: Pitangui, Pium-i, e Paracatu. Rio Doce: Peçanha e Cuieté. Zona da Mata: Piranga, Senador Firmino e Lima Duarte. Norte Oriental: Itacambira. Norte Ocidental. (1)

A tendência da historiografia é a de confirmar informações de que a mineração não permitiu a participação do indígena. Carvalho contrapõe-se a esse ponto de vista com algumas provas de que os indígenas prestaram serviços escravos aos mineradores. Além disso a miscigenação entre índios e paulistas era intensa. Com informação de Viana Moog, diz Carvalho que a legislação portuguesa recomendava o matrimônio legal do branco com as índias e era contrária ao casamento de branco com negra. "Vimos que os bandeirantes eram mestiços de indígenas e levavam nas bandeiras índios de ambos os sexos. Por outro lado, portugueses, baianos e pernambucanos, não traziam mulheres na comitiva, a não ser índias. As que encontravam nas minas e nos aldeamentos da vizinhança eram aborígenes". (CARVALHO, D.1957)


É certo que a preferência pela mão-de-obra africana vai deixando no esquecimento o indígena. A mineração, a indústria artesanal, as artes e os ofícios são movidos pelo trabalho do negro e do mulato. Na Segunda metade do século XVIII a presença do negro aculturado, praticando o cultor católico e intercruzando com o branco, era enorme. Eram muito comuns os casamentos e mancebias de brancos com pretos, a exemplo de João Fernandes e Chica da Silva. Atesta este fato a profusão de mulatos em toda a Capitania. Mas de um século de introdução de massas de escravos para o trabalho da mineração e das fazendas mudara o aspecto demográfico. A cultura africana em relação sincrética com a européia marca uma forte presença em Minas.

O bandeirante paulista deixou o exemplo de aventura empresarial, espírito de empresa. Capacidade de agregar-se e dispersar-se na busca de novas jazidas; iniciativa de implantação de novas fazendas de lavoura e criação de gado; resistência às intempéries e obstáculos naturais.

O português de alta linhagem, ligado à nobreza, quase sempre voltava para o Reino. Mas os lavradores do Minho e das Beiras, arraigaram e fortaleceram o apego à propriedade; o amor à família e à terra. Além disso contribuíram com as disposições para a parcimônia, a sobriedade e a frugalidade ainda presentes na cultura mineira.

O baiano e o pernambucano, segundo Carvalho, vieram trazer poesia, gosto pela dança e pela música. Kurt Lange confirma a musicalidade do pernambucano e sua capacidade para confeccionar instrumentos musicais refinados, constatada na música barroca mineira.

O cristão novo contribuiu com a capacidade da sutileza, da discrição, de exatidão, análise e decomposição das idéias. Transmitiu senso estético na arquitetura, artes plásticas e na música erudita; transmitiu o gosto pelo trato dos metais, das pedras preciosas e do dinheiro. Contribuiu para a quebra do preconceito contra o trabalho manual.

Depois da Inconfidência mineira acelera-se o esgotamento das minas e um movimento migratório inverso do ocorrido no auge da mineração aurífera. A punição aos inconfidentes com degredos, confinamentos e pena de morte foi aterrorizante, como revela o esquartejamento de Tiradentes. Igualmente rigorosas foram as perseguições sobre os habitantes das cidades auríferas, com prisões, confiscos de bens e humilhações públicas. A partir da Inconfidência Mineira as cidades do ciclo do ouro passaram por um melancólico esvaziamento. Os mineradores, os clérigos e escravos se distanciam das cidades buscando longínquas terras. Por onde chegam os ex-mineradores já transformados em agropecuaristas, vão empurrando as linhas divisórias da Província de Minas. No dizer de Carrato, uma verdadeira diáspora. Os migrantes partiram em massa na busca de novas aventuras, encontrando imensas florestas e terras desabitadas. Às vezes ainda tentavam a mineração de ouro ou de gemas, mas acabavam abrindo currais, fazendas e pequenos negócios; começa a ereção de capelas, criação de freguesias ou vilas. (CARRATO, 1968) No momento da Inconfidência e logo depois do dia 21 de abril de 1792, os espaços inexplorados nas imediações dos centros auríferos começaram a ser ocupados, atestando isso a criação de novos municípios, como em 1789, Itapecerica; em 1790 Conselheiro Lafaiete; 1791, Barbacena; 1798, Campanha e Paracatu; em 1831, Formiga e Itabirito, 1831; Bonfim e Santa Bárbara, 1839; Conceição do Mato Dentro, 1840; Piranga, e Pium-i, 1841 e Pará de Minas, 1848.

Já no século XIX a expansão é mais para os limites extremos da província e para além de suas fronteiras, como o Jequitinhonha que pertencia à Bahia até o final do século XVIII. Dois fatores motivaram as migrações do Losango Aurífero para aquela região: a criação extensiva e exploração das pedras preciosas. Em 1831 foram criados os municípios de Diamantina e de Rio Pardo; em 1840, Grão Mogol; em 1857, Araçuai.

A margem esquerda do Rio São Francisco que pertencia a Pernambuco, por bando de Assumar, de 26 de abril de 1721, com autorização régia, passa para Minas Gerais, com suas povoações e currais de gado, desde as nascentes até o Rio Carinhanha. Um século depois Minas foi contemplada pelo governo imperial, Dom Pedro I, com a Comarca do São Francisco A partir do Rio Carinhanha pela margem esquerda do Rio São Francisco até Barra, que pertencia ao Pernambuco foi transferida para Minas em 1824, Três anos depois transferiu à Bahia o território da chamada Comarca do São Francisco. Do ponto de vista eclesiástico continua em poder de Pernambuco toda a margem esquerda do São Francisco até Paracatu., no final do século XIX; Desde o final do século XVIII vinha recebendo migrantes mineiros dedicados à criação de gado bovino, contribuindo para a ocupação também da margem direita. Em 1831 são criados os municípios de Montes Claros, Curvelo e São Romão e em 1833, Januária.(PIRES, 1979; 183)

Para o Leste os mineiros empurram a divisa com o Espírito Santo para a Serra dos Aimorés, em 1800, em permanentes confrontos com os índios da Zona da Mata. Em 1831 é criado o município de Rio Pomba, em 1839, Rio Branco; 1841, Piranga; em 1850, Juiz de fora; em 185l, Mar de Espanha; em 1853, Ubá; 1854, Leopoldina; 1855, Muriaé; 1857, Ponte Nova; 1875, Peçanha, Cataguazes; 1877, Manhuaçu; 1878, Carangola; 1879 Caratinga; 1889, Santos Dumont.

Para o Sul, em direção a São Paulo, as migrações foram mais aceleradas com a criação intensiva e fazendas de policultura. Surgem os municípios de Baependi e Jacui, em 1814; Lavras e Pouso Alegre, em 1831; Aiuruoca em 1834; Oliveira em 1839; Três Pontas, em 1841; São João Nepomuceno, em 1841; Campo Belo em 1848; São Sebastião do Paraíso, em 1870; São Gonçalo do Sapucai e Poços de Caldas, em 1888.

O Triângulo Mineiro que pertencia a Goiás, em face do grande número de migrantes da região aurífera, forçou sua passagem para Minas Gerais em 18l6. Em 1831 cria o município de Araxá; em 1836, Uberaba; em 1840 Patrocínio; em 1856, Estrela do Sul e em 1866, Patos de Minas.

As três primeiras décadas do século XIX foram de transformações radicais para Minas. Passou da condição de centros urbanos para pequenas vilas, isto é, a ruralização da sociedade com reflexos imediatos na cultura e na política. Basta dizer que de 1801 a 1830 foram criados apenas dois municípios em Minas (Baependi e Jacui). Nesse período os viajantes estrangeiros observam o melancólico esvaziamento das cidades do ouro. Por muito tempo Minas continua sendo a província mais populosa do País, mas o eixo histórico se desloca para o Rio de Janeiro. A Inconfidência que havia virado Minas de ponta-cabeça permaneceu oculta para os políticos e historiadores até a deflagração do Movimento Republicano, no final do século XIX.

As fazendas de criação de gado, lavoura de milho, feijão e mandioca e extração de sal exigiam transporte de baixo custo para vencer as distâncias e chegar ao grande mercado consumidor. Não havia opção melhor que a navegação fluvial, responsável pela formação de núcleos urbanos. A tropa de burro e o carro de bois faziam a conexão entre as fazendas e as vilas ao longo do rio e de seus grandes afluentes, como esclarece Neves. Acredita que a Barra do Rio das Velhas seja um dos povoados mais antigos do Médio São Francisco. Situado na confluência do rio das Velhas com o São Francisco, sua posição geográfica é, sem dúvida, estratégica: ali se iniciava o trecho navegável do Médio São Francisco, em face da proximidade do arraial em relação a Sabará e o Distrito Diamantino. (NEVES, Z. 1998; 48) Pirapora - O limite da cachoeira faz surgir o povoado a poucos quilômetros acimada Barra do Rio das Velhas. Paracatu - O povoado de Paracatu começa a surgir em 1744, com a mineração de ouro e segundo Neves, mantinha contato comercial com São Romão e Januária, via São Francisco, adquirindo ali ferramentas, confecções e alimentos, embora fosse proibido por carta régia de 1701. (NEVES, Z. 1998; 52. São Romão - Na mesma época de Paracatu, 1736, São Romão é palco da chamada "Revolta do Sertão", contra a extensão dos tributos da mineração cobrados nas atividades agrícolas. Os revoltosos planejavam o lado oposto do São Francisco e a partir de Guaicui chegar aos domínios de Sabará. Neves, baseando-se nesse fato, conclui sublinhando o valor social dos trabalhadores da navegação, na interação das duas regiões. Já no século XIX o aglomerado humano e as atividades portuárias de São Romão são expressivas, principalmente na distribuição de sal para as províncias de Minas e de Goiás. Januária - Ex Salgado, fundada no começo do século XVIII. Viajantes como Saint-Hilaire e Von Marcius, quando o povoado ainda pertencia a Pernambuco, nas primeiras décadas do séc. XIX, fazem referência ao volume de carga de sal, produtos industrializados, produtos agrícolas, passageiros e outros tantos, com destino a Minas Gerais. No retorno as embarcações levavam para a Bahia os produtos da agroindústria local, especialmente da velha tradição pernambucana, como cachaça e açúcar. Para outros mercados levavam feijão, milho, farinha, couro e peles. (NEVES, Z. 1998; 61) Matias Cardoso - Mais abaixo surge o povoado de Matias Cardoso, fundado no final do século XVIII. Travessia de Pernambuco para a Bahia. Parece ter sido um ponto de embarque para a região das Minas. Mais tarde, já no século XIX, Matias Cardoso cede lugar a Manga. Montes Claros - Diz Vasconcelos que quando se avolumou a população das gerais e o comércio cresceu de valor em gêneros alimentícios, em gado principalmente, o capitão Antonio Gonçalves Figueira que tinha aberto um caminho ligando Montes Claros à Bahia, prolongou essa linha até o Rio das Velhas, em 1707. O capitão Figueiredo fundou também a fazenda do Jamba. Com a descoberta da jazida de Itacambira, a região foi imediatamente ocupada Logo depois da descoberta dos diamantes (1730), novos caminhos foram abertos de Montes Claros com direção ao Distrito Diamantino. (VASCONCELOS, D. 1974; 50).

Na Segunda metade do século XIX, o engenheiro alemão Henrique Halfeld, de 1852 a 1854, realizou minucioso estudo das margens do São Francisco desde as cabeceiras do Rio das Velhas até sua foz no Oceano Atlântico. Registrou com minúcia de detalhe, a vertente da Serra da Canastra até a barra do Guaicui. Como o objetivo do trabalho é o de registrar a situação da navegação, Halfeld parte da Cachoeira de Pirapora, mostrando que as embarcações eram, então, canoas de cem palmos de comprimento e cinco de largura, para um ou dois remadores; ajoujos de duas ou três canoas unidas por paus roliços e amarrados a estes com alças ou tiras estreitas de couro cru e barcas de todos os tamanhos, chegando até 105 palmos de comprimento. O relatório é rico não somente nos detalhes dos registros gráficos, mas também na recomendação de procedimentos técnicos a serem adotados: matas e casebres às margens dos barrancos, gólfões sobre a superfície da água, alagadiços; recomenda construção de alguns portos; nomeações de pilotos por concurso público; regulamento para a navegação das "carrancas", procurando evitar acidentes. (HALFELD, 1860)

Economia

O Norte e o Nordeste de Minas que até as duas primeiras décadas do século XVIII pertenciam à Bahia e receberam fortes influências daquela capitania, com reflexos até o presente momento. O episódio da Guerra dos Emboabas representou a luta dos baianos para obtenção do monopólio da produção e comercialização da carne de gado na região das minas. O Morgado dos "Guedes de Brito", de Isabel Guedes de Brito era administrado por Manoel Nunes Viana, a principal figura do conflito. As fazendas do dito morgado estendiam-se desde a Bahia até as cabeceiras dos rios Pitangui, Paraopeba e Rio das Velhas. O testamento do morgado condicionava a sua manutenção ao envio de riquezas a Portugal. (PEIRES, 1979; 57) Após a Independência do Brasil as enormes propriedades do "Morgado Guedes de Brito" começaram a ser ocupadas por poderosos coronéis para continuidade da criação extensiva de gado bovino. Não foram poucos os processos e as demandas reclamando na justiça os direitos dos herdeiros baianos.

Esse problema herdado da época colonial afeta consideravelmente a questão agrária nas épocas monárquica e republicana. O excesso de terras em mãos de poucos. As melhores terras nas proximidades dos rios navegáveis eram cultivadas com regularidade. Afastando-se para o sertão vinham as pastagens de criação extensiva.

Se a lavoura não contribuiu de modo tão significativo no devassamento de áreas, a pecuária disputa com a mineração a prioridade na faina desbravadora de terras sertanejas. Vegetação e salinas permitiram a atividade pastoril na região Norte. Nas estatísticas de exportação das primeiras décadas do século XIX é a pecuária que sobressai. (IGLÉSIAS, 1958; 84)

Diversos autores fazem referência ao sal transportado do Nordeste para a região Central de Minas através do Rio das Velhas, ficando evidenciada a posição estratégica de Guaicui como centro distribuidor. Os remeiros levavam, além do sal, rapadura, açúcar, milho, para Diamantina, Ouro Preto e Sabará. (NEVES, 1998; 135) O abastecimento da região Central com produtos do Norte não sofreu interrupção com a decadência da mineração. O Rio das Velhas reverteu-se em importante canal de comunicação, de vez que era navegável desde sua foz no Guaicui até Santa Luzia, hoje região metropolitana de Belo Horizonte. A história da Baronesa de Santa Luzia, herdeira do monopólio do comércio de Sal em Minas, ilustra a importância do Rio das Velhas no transporte e distribuição de diversos produtos vindos da região Norte. (4)

A região é conhecida como a mais refratária a mudanças. Sua economia é típica da análise feita por Mendras como do tipo tradicional. A autoridade tradicional só age de acordo com suas convicções e não aceita a opinião de técnicos estranhos à parentela. Assim, o tipo tradicional cria obstáculo bastante sério do funcionamento de uma economia moderna que se baseia nas criações contínuas. Na empresa regida pelo tipo tradicional a primeira virtude do subordinado não é a competência, mas a lealdade. O tipo de gerência tradicional é incompatível com o desenvolvimento. (MENDRAS, A975; 158) Este é um dos atores pelos quais a região tem apresentado um acentuado índice de subdesenvolvimento. As atividades agrícola, pastoril e pequena indústria não têm sido suficientes para segurar o homem na terra.

Em 1925 a lavoura, a criação de gado e a agroindústria estavam em poder de coronéis, equivalendo dizer: o tipo tradicional de gestão econômica. O maior produtor de algodão era o coronel Francisco Ribeiro, que possuía também instalações para beneficiamento do produto. A indústria de laticínios, especialmente o requeijão moreno, era propriedade do coronel João Maia. Curtumes e fabricas de arreios em mãos do coronel Antonio dos Anjos.

Política

O Rio Verde, que faz a divisa de Minas com a Bahia era constantemente fiscalizado na época colonial, para impedir o contrabando de ouro. Gomes Freire de Andrade, governador da Capitania de Minas, ao viajar para o Rio de Janeiro, em 1735, deixou a seu irmão Martinho de Mendonça a incumbência de fiscalizar a região Norte e cobrar os impostos devidos. A resistência ao fisco reverteu-se em grave revolta no sertão. Começou na Barra do Rio das Velhas quando o juiz de Curvelo, Alexandre de Souza Flores ao fazer uma devassa, foi expulso a bala pelo coronel Antonio Tinoco Barcelos e seus jagunços. Em seguida, na Barra do Rio Verde ocorreu o mesmo com o potentado André Moreira. Em Montes Claros e Urucuia, sob a chefia de Matias Cardoso de Oliveira e André Conçalves Figueira descendentes dos fundadores da região resistiram a bala às devassas. André Gonçalves foi deportado para Angola, mas a família Cardoso organizou um movimento armado para depor o governador Martinho de Mendonça. Chegou a formar-se um numeroso grupo armado, mas o combate dos Dragões, força oficial, provocou divisões entre os amotinados. Os poucos se que sobreviveram dedicaram à pilhagem, desonras e assassinatos. (PAULA, 1979; 11) Foi, possivelmente, o primeiro movimento de cangaço do Brasil.

Correndo a notícia do movimento rebelde de 1842, o governo começou a espionar a região Norte. Começa com um ofício do Juiz de Paz de Barra do Guaicui, dirigido à Câmara de Montes Claros denunciando o povo daquela vila de idéias republicanas. O documento caiu nas mãos dos conservadores, Coronel Pedro José Versiani, chefe da Guarda Nacional; Dr. Jerônimo Máximo de Oliveira e Castro, juiz de direito e do padre Felipe Pereira de Carvalho, juiz municipal. O presidente da Câmara, o padre Chaves que vinha sendo espionado, fez veemente protesto aos termos do documento. As mensagens dos revoltosos eram obstaculadas pela espionagem. Por isso a mensagem de D. Pedro II foi a primeira a chegar na região e falava da perturbação da ordem em São Paulo e Minas. A partir daí Montes Claros e Bocaiúva constituíram-se na maior força governista e de combate aos revoltosos. Mandaram forças para Mendanha no Pé do Morro e Diamantina e combateram as forças rebeldes concentradas em Curvelo. (PAULA, 1979; 26)

A campanha republicana no Norte de Minas foi liderada por Diamantina. Em Montes Claros o maior líder foi o capitão Alberto Cassimiro de Azevedo Pereira, que era o presidente do Clube republicano. Logo após a proclamação da República determinou a retirada da fachada do edifício da Câmara municipal o emblema e a coroa imperial. As comemorações da proclamação da República em Montes Claros renderam alguns protestos: a banda de música local que era monarquista não quis participar da solenidade. Foi preciso buscar em Bocaiúva uma banda republicana. A primeira Intendência municipal de Montes Claros escolheu não republicanos para os principais cargos. Os republicanos autênticos negaram apoio ao presidente da Câmara recomendado pelo governo estadual. Em 1892 o Partido Republicano Mineiro acabou apoiando um conservador que foi eleito o primeiro presidente da Câmara, Dr. Carlos José Versiani. (PAULA; 1979; 21)

A proclamação da República era desejada para que tivesse fim o centralismo que beneficiava apenas a Metrópole do Rio de Janeiro. O governo imperial e seus subalternos presidentes de províncias impediam execuções de projetos os que beneficiassem os interesses regionais. A primeira coisa que fez o Estado de Minas foi organização a instituição municipal que ganha força e mobilidade. Em torno dos municípios organizam-se as forças políticas regionais. O presidente do Estado começou a trabalhar com metas. João Pinheiro realizou em 1903 um congresso agrícola em que foram estudadas as peculiaridades de cada região. Incentivou a seleção de raças de gado de corte para a região Nortes de Minas.

Após a Proclamação da República, a Guarda Nacional foi extinta mas continuava a distribuição de títulos honoríficos de forma consuetudinária. O povo outorgava aos que exerciam o poder econômico e político o título de coronel. Conforme Blondel, o coronel é caracterizado pelo poder político que ostenta, com a capacidade de manter sob seu controle, os redutos eleitorais, sendo a quantidade de votos a medida de seu poderio. Papel importante é o do cabo eleitoral a quem é atribuído o dever de controlar a massa eleitoral de modo a não permitir a evasão de votos. O cabo eleitoral é uma espécie de "vassalo" intransigente, disposto a lançar mão de qualquer meio para coibir a infidelidade a seu coronel. O coronel impunha à parentela uma disciplina férrea e confissões de absoluta fidelidade. (MOURA, 1983; 60) O poderio econômico do coronel caracterizava-se pela capacidade de explorar as imensas terras disponíveis, para manter o latifúndio de grandes lavouras ou pecuária extensiva. O agregado, substituto do escravo, não tendo outra opção, entregava o seu trabalho em troca da necessária proteção e do indispensável favoritismo oferecido pelo coronel paternalista. Essa ordem era mantida com a força do crime.

A Monarquia era centralizadora enquanto a República Velha (1889/1930) era regionalista. Começa por valorizar o distrito e seus lideres, depois o município e o Estado. Nesse período o Município e o Estado tiveram mais autonomia que em outros momentos. A verdadeira federação só quebrada com a Revolução de 30. É claro que a situação territorial dos municípios era diferente da de hoje. Eram freqüentes municípios com 12 distritos de enormes extensões territoriais, distando da sede do município até 200 quilômetros. Os bens e serviços públicos ficavam complicados. Complicava-se mais ainda a falta de transporte. Daí a luta entre o distrito e o município desde que a República contemplou o distrito com parte da renda do município, a formação do Conselho Distrital e com o poder dos coronéis com seu eleitorado fiel e submisso. A emancipação do Distrito de Brasília de Minas, desmembrando-se de Montes Claros foi por efeito dessa nova política de descentralização e ao mesmo tempo fortalecimento das microrregiões. Ainda no governo provisório do Estado, sem definição legislativa, Brasília de Minas fora emancipada pelo Decreto Estadual Nº 290, de 26 de dezembro de 1890. Ao desmembrar-se de Montes Claros Brasília de Minas passou a contar com 7 distritos: Brasília, Santo Antonio da Boa Vista, São João da Ponte, Campo Redondo, Ibiracatu, Ubai e São Lourenço, conforme a nova política de divisão territorial. (SILVEIRA, 1926; 804) Na década seguinte emancipa-se o distrito de Coração de Jesus, elevando-se à categoria de município pela Lei estadual 556, de 30 de agosto d 1911, com o nome de Inconfidência. Esse nome contemplava a campanha republicana cuja bandeira principal era a Conjuração Mineira, em repúdio ao colonialismo.

O Liberalismo era o fundamento ideológico do Capitalismo em formação na região, para o qual a mão-de-obra remunerada era o fator que mais onerava o produto. O poder do produtor através do Estado era necessário para impedir a rebeldia ou resistência o trabalhador explorado pelos produtores, quase numa extensão da escravidão. João Pinheiro, presidente do Estado de Minas Gerais no inicio da vida republicana discordava dessa mentalidade que na verdade era tão inconveniente quanto o regime de escravidão. Sua luta era pela democratização da justiça. Discordava dos fazendeiros adeptos da ideologia da "vocação agrícola do Brasil" que privilegiava os fazendeiros. Era a favor da policultura e contra a monocultura do café ou do algodão. Sua idéia de progresso conferia com a política de desenvolvimento, isto é, o benefício do progresso deveria abranger toda a sociedade e não somente à minoria privilegiada. Ao realizar os congressos das municipalidades por região, visava conhecer a realidade econômica e social. Em setembro de 1907 realizou-se em Diamantina o congresso da região Norte. O discurso de João Pinheiro andou na contra-mão dos empresários da região, na maioria produtores rurais. Para João Pinheiro a pequena agricultura deveria ter condição de fixar o trabalhador no solo, levando ao homem do campo educação profissional. O escritor Aristides Rabelo observou a falta de interesse dos participantes do congresso para os assuntos expostos e discutidos. (5)

Assim viveu a região Norte, dominada pelas oligarquias, sob o comando dos coronéis. A revolução de 30 foi um movimento político que interessou às regiões da Mata, Sul e Centro de Minas. Visava a modernização, renovação dos quadros políticos, contra o poder do fazendeiro, do coronel; contra o mandonismo regional. À região Norte coube a maior resistência aos planos da Aliança Liberal. Montes Claros tornou-se o centro da luta política contra Getúlio Vargas. O partido honorista chefiado pelo Dr. João Alves, marido da famosa Tiburtina, contava com o presidente da Câmara, Alfredo Coutinho, pessoa de confiança do presidente do Estado, Antonio Carlos Ribeiro de Andrade. (PAULA, 1979; 32) O episódio no qual o vice-presidente da República, Fernando Mello Viana fora baleado, provocou a intervenção federal na cidade, merece ser contado em maiores detalhes. (6)

Tiburtina Andrade Alves - Nascida em Itamarandiba, aos 30 de agosto de 1873, filha do capitão Manoel Florentino de Andrade Câmara e Dona Henriqueta Leocádia de Mello. Querendo livrar-se da opressão paterna, furtava-lhe dinheiro para oferecer aos pobres.. Estudou em Diamantina, curso normal, em regime de externato. Casou-se com Antônio Augusto Câmara Alkmim, contra a vontade do pai. Como o marido era boêmio e alcoólatra ela teve que assumir a lida da fazenda deixando viver a sua inutilidade. Nessa situação resolveu mudar-se para Montes Claros em 1902. Sozinha, passou a administrar a fazenda. Além da beleza natural, procurava esmerar-se com boas vestimentas e penteados. Muito cedo Alkimim faleceu e Tiburtina ficou viuva. Nova, bela e rica, aos trinta e quatro anos de idade, o que mais lhe interessava? Nada mais que um figurão, filho de um potentado regional. O candidato era o novo médico, João José Alves, nascido em Diamantina, filho do coronel Marciano Alves. Com esse pretendente casou-se em 1907. Logo depois do nascimento do primeiro filho do casal, o sogro foi assassinado. Tiburtina tudo fez para descobrir e punir o grupo responsável. A partir daí, ela e o marido tomaram a frente da política de Montes Claros. Filiou-se na Aliança Liberal e fez oposição aos coronéis conservadores da região. A cidade toma impulso de progresso. Participa da Revolução de 30, em luta contra as oligarquias locais. O Vice-presidente da República Fernando Melo Viana, participando de movimento político contrário à Aliança Liberal provocou a resistência da família Alves. Tiburtina convocou seus pares e colocou-se de prontidão em frente à sua casa. Uma bomba atirada pelos manifestantes atingiu o filho de criação do casal, (Fifi) que caiu morto. Começou o tiroteio deixando 6 mortos e muitos feridos, entre os quais o vice-presidente. O governo federal decretou intervenção na cidade por três dias, contra a vontade do Governo de Minas.

Referências bibliográficas

BARBOSA, Waldemar de Almeida. História de Minas. Belo Horizonte: Comunicação, 1979.

CARRATO, José Ferreira. Igreja, Iluminismo e escolas mineiras coloniais. São Paulo: Nacional, 1968.

CARVALHO, Daniel de. Formação histórica das Minas Gerais. Primeiro Seminário de Estudos Mineiros. Belo Horizonte: UMG, 1957.

HALFELD, Henrique Guilherme Fernando. Atlas e relatório concernentes a exploração do Rio São Francisco, desde a cachoeira de Pirapora até o Oceano Atlântico. Rio de Janeiro: Lithographia Imperial, 1860.

IGLÉSIAS, Francisco. Política econômica do governo provincial de Minas Gerais. (1835-1889). Rio de Janeiro: MEC, 1958.

MARINA, Anna. Um dia feliz para Santa Luzia. Estado de Minas. Belo Horizonte, 19 out. 2001.

MENDRAS, Henri. Princípios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar. 1975.

NANTES, Pe. Marinho de. Relação de uma missão no São Francisco. Tradução e comentário de Barbosa Lima Sobrinho. São Paulo: Nacional, 1979.

NEVES, Zanoni. Navegantes da integração: os remeiros do São Francisco. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

PAULA, Hermes Augusto de. Montes Claros, sua história, sua gente e seus costumes. Montes Claros: Autor, 1979.

RABELLO, Aristides. Diamantina: Congresso do Norte de Minas. Kosmos. Rio de Janeiro, set. 1907.

PIRES. Simão Ribeiro . Raízes de Minas. Montes Claros: Autor, 1979.

SILVEIRA, Victor. Minas Gerais em 1925. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1926.

VASCONCELOS, Diogo de. História Média de Minas Gerais. Belo Horizonte: Itatiaia, 1974.

Notas


(1) Há informação de que margem esquerda do Rio São Francisco até 1824 pertencia a Pernambuco, quando foi incorporado a Minas Gerais. Compreende os municípios de Montalvânia, Manga, Itacarambi, Januária e Buritizeiro. Na verdade o que foi incorporado a Minas e logo depois cedido à Bahia foi a Comarca do São Francisco do Rio Carinhanha até Barra.


(2) A margem direita compreende os municípios de Espinosa, Monte Azul, Itacambira, Janaúba, Capitão Eneas, coração de Jesus, Brasília de Minas, São Francisco, Bocaiúva, Várzea da Palma e Pirapora.


(3) Januário Cardoso é o construtor da igreja de Nossa Senhora da Conceição de Morrinhos, hoje Matias Cardoso, de 1670 a 1673, sendo o templo mais antigo de Minas.


(4) - Maria Alexandrina, nascida em Lençóis na Bahia, era afilhada de Dom Pedro II. Ao casar-se com o barão Manoel Quintino, recebeu do imperador como presente de núpcias o monopólio do sal em Minas Gerais. O casal chegou a Santa Luzia navegando em um luxuoso vapor. Construiu um belo solar nas proximidades do porto. A baronesa de Santa Luzia tomou a frente dos negócios de fazenda; comercio e benfeitorias da cidade. Participava ativamente da política investindo dinheiro e apoiando candidatos a deputado e a presidente da Câmara Municipal. (MARINA, 2001)


(5) - "Agora em setembro veio a baila no Estado de Minas, o nome da cidade de Diamantina; lá se reuniu no dia vinte, entre festas oficiais e pagodeiras do povo um congresso das municipalidades do Norte do Estado. Foi um congresso como são todos os congressos: fez-se uma chamada, o presidente abriu a sessão, uns dormiram e outros lançaram idéias, discutiu-se, as horas passaram, o presidente encerrou a sessão. No fim nada de prático terá saído, ficando apenas a recordação das festas; dos banquetes para os que não são da terra e as dívidas para a administração. Conquanto isto seja verdade, o congresso de Diamantina é um acontecimento curioso: lá foi o presidente do Estado, lá estava a imprensa, lá foram pessoas de diversas partes, Diamantina foi muito vista e muito falada. Todos se convenceram de que é uma terra curiosa e rica de diamantes; todos se convenceram de que ali só falta o trabalho e o dinheiro; de que ali é uma fonte de riquezas ocultas; de que ali é um céu abandonado; de que aquilo deve continuar a ser um torrão ambicionado por seus tesouros; que o Norte de Minas é uma ignorada maravilha. Terão boas intenções, acharão que em parte alguma do universo se assa tão bem um lombo de porco e que aquele vinho lá fabricado é um assombro... mas apenas reentrados em seus eixos, farão política esquecendo a pátria. Assim, passados os três dias de festanças e mal desapareça o último hóspede farto, a curiosa cidade voltará à sua vida pacata. Vai um dia e volta outro, um garimpeiro preto cata aqui um diamante no seu carumbé; acolá uma companhia inglesa colhe uma fortuna na sua draga, um outro mineiro pobre perde o seu dinheiro a escavar uns buracos aqui; acolá, uma companhia francesa absorve milhares de francos; a pasmaceira industria reina; a pobreza entra para a terra e a riqueza saí com os estrangeiros; a estrada de ferro continuará a distar 20 léguas; não existirão estradas; o governo lhe presenteará com uns quilos do jornal "Minas Gerais" e a Diamantina grata dará ao governo, de quatro em quatro anos, um deputado. É assim, sob este aspecto, que a princesa do Norte de Minas é uma interessante cidade". (RABELLO, 1097)

Indicamos: Almir Wildhagen As Minas Gerais - Antonio de Paiva MOURA