Crescimento de instituições preocupa profissionais e estudantes do setor
28/01/2003
Com a crescente demanda de interessados no curso de Turismo, muitos profissionais e estudantes da área estão preocupados com a qualidade de ensino nas instituições e ofertas de trabalho. O número de pessoas interessadas em trabalhar no segmento turístico aumentou demasiadamente nos últimos anos. Com a grande quantidade de faculdades de Turismo abertas recentemente no Paraná faltam professores qualificados para atender as necessidades do mercado. Segundo o Ministério da Educação (MEC), 38 instituições paranaenses oferecem o curso, das quais 12 estão em Curitiba. A média do número de vagas é 80 entre todas as instituições. Supondo que no final de quatro anos (duração do curso), concluam os estudos na média de 60 por instituição, serão 2.280 bacharéis em turismo a cada ano somente no mercado do estado do Paraná.
No Paraná, são 38 instituições em ensino superior oferecendo graduação em Turismo, mais, pouco são as instituições que formam profissionais habilitados para trabalhar também na hotelaria.
O curso de Turismo, criado em 1978, tem sido nos últimos anos, um dos mais concorridos no vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nos últimos três anos. No processo seletivo para 2003, foram 20,55 candidatos para uma das 44 vagas ofertadas.
Na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), outra instituição pública, a relação candidato/vaga para o curso de Turismo é 27,9. Ofertadas apenas 15 vagas no último vestibular.
Entre instituições particulares, em Curitiba são cerca de mil vagas para futuros turismólogos, nas 11 instituições privadas que oferecem o curso. A PUC-PR, por exemplo, aprova 120 calouros em Turismo por ano. A FAO e a Facinter têm 150 vagas cada. A UNIANDRADE oferta 240 vagas para o período noturno e 120 diurno. Em Londrina, a Unifil com 50 e a Unopar com 100 vagas também ofertam o curso.
Perfil de um Turismólogo de Excelência:
A palavra turismólogo surge no contexto nacional em 1973, quando alguns professores e estudiosos do assunto, preocupados com aquilo que éramos e responsáveis por aquilo que viríamos a ser, debruçaram - se para buscar na
etimologia do termo o silogismo correto para determinar a palavra mais adequada para designar o graduado em curso superior de turismo.
O termo escolhido – turismólogo - surge neste contexto em que o bacharel em turismo vê sinalizar uma possível regulamentação da profissão e a expansão rápida de um mercado de trabalho potencialmente em expansão. No afã da
colocação imediata como profissional no mercado, o mesmo, busca oportunidades que muitas vezes estão sendo hoje criadas de forma brutalmente rápidas, pois o setor terciário é o que mais está crescendo globalmente.
Com esse novo status de importância o turismo ressurge como o setor e umas das ciências mais discutidas e aceita onde antes era tida como algo menor e de pouca relevância. Essa reviravolta se deve a uma série de preconceitos que foram diminuindo em intensidade máxima e hoje estão menos explícitos e perderam seu caráter dogmático canônico. As discussões surgem e passam a serem obrigatórias no meio acadêmico e profissional pela importância econômica que a mesma adquire no mundo do capital, pois sua capacidade de ampliar e aprofundar a mais - valia por meio de campos antes desconhecidos. Dá ao turismo uma dinâmica só antes ocorrida em outros setores econômicos.
Esse processo, pelo qual o turismo ressurge, traz a tona a discussão de um novo perfil do turismólogo, que deve conter as seguintes características:
1. Sólidas formações críticas, permitindo que o turismólogo entenda politicamente a formação de sua categoria enquanto organização política e sindical. E saiba lutar por um turismo auto-sustentável que preserve o ecossistema e os interesses nacionais nos campos econômicos, culturais e político.
2. Um hábil administrador nos inúmeros campos profissionais, no convívio com as equipes multidisciplinares; saber pedir o apoio de áreas afins, buscando entender o fenômeno turístico em sua totalidade histórica e humanista.
3. Entender que o turismo é um fenômeno histórico, e portanto produto que se configura no cotidiano da luta de classes, onde os interesses são dados pelos homens vivos.
4. Buscar preservar a identidade do fenômeno turístico enquanto ciência, afastando-o da noção tecnicista que parece querer abarcá-lo. O próprio Ministério da Educação, lança como isca no mercado a idéia de facilitar
ao máximo a transformação dos cursos de turismo em curso de tecnólogo. Com isso o Estado sinaliza sua visão plenamente tecnicista, tentando desqualificar o ensino superior crítico e humanista.
5. Lutar por um campo próprio do turismo, recuperando o espaço que nos foi tomado pela ciência da administração, para isso deve aguçar o pensamento crítico.
"Essas características só podem ser conseguidas, enquanto elementos constitutivos dentro de um perfil crítico que deve ser a base principal e pendular da formação do turismólogo. Ser crítico é lutar por uma sociedade com justiça em que a dignidade surja na relação entre os homens e nunca resulte de imposições decorrentes dos interesses alheios".
O mercado de trabalho
Apesar da grande oferta de vagas e da crescente procura pelo curso, pouca gente sabe o que um turismólogo faz. A primeira idéia que se tem é a de que ele trabalha em agência de turismo. Organizar e vender pacotes de viagem são uma de suas funções sim, mas o profissional da área pode atuar em vários outros setores.
Um dos mercados onde o Bacharel em Turismo pode trabalhar é o de Hotelaria – administrar hotéis, gerenciar os recursos humanos e outros serviços. Curitiba possui 80 hotéis e 26 flats. O ramo hoteleiro, na capital curitibana, proporciona cerca de seis mil empregos diretos e outros milhares indiretos.
O turismólogo também atua em marketing, desenvolvendo projetos de divulgação de um município, estado ou região para atrair visitantes e investidores.
A Internet é outra porta de emprego, onde o profissional pode trabalhar em sites de viagem – pesquisas de pacotes e tarifas para os internautas.
Outro setor importante é o de planejamento. A formação de uma profissional consciente da necessidade de um desenvolvimento turístico que não agrida o meio ambiente é importante pois, o desenvolvimento do país, exige o planejamento e implementação de projetos turísticos e hoteleiros, sem causar destruição do patrimônio natural e/ou cultural da região. Cabe a ele identificar o potencial turístico de uma região e elaborar estratégias de exploração.
O turismólogo também é capacitado para analisar o impacto do turismo no meio ambiente e na cultura de uma determinada região. Profissionais empreendedores, capazes de detectar boas oportunidades de negócios, conscientes, também da necessidade de oferecer à comunidade serviços de qualidade, conscientes da importância da conservação dos recursos naturais do planeta.
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