domingo, 16 de março de 2008

Segmento movimenta mais de US$ 13 bilhões no mundo

Segmento movimenta mais de US$ 13 bilhões no mundo
23/09/2003

Pesquisador critica GDS e pede ao trade para prestar atenção no que os clientes querem.

Em meio ao alvoroço de alguns agentes de viagens, preocupados em como o avanço tecnológico vai influenciar os rumos da indústria do turismo, eis que surge um irlandês no caminho. "Ponham foco nos seus próprios negócios, em quem são os clientes e quais suas necessidades. Pensem no que eles querem", disse o bem-humorado professor Peter O'Connor, especialista no uso de canais eletrônicos de distribuição no turismo.

Calcula-se que existam cerca de 155 milhões de internautas na Europa e outros 133 milhões apenas nos Estados Unidos. Esse público alimenta um mercado que faz girar mais de US$ 6 bilhões por ano nos EUA e de US$ 7 bilhões no Velho Continente e cuja projeção é dobrar esse faturamento nos próximos três anos. Para se ter uma base da evolução desse mercado, há quatro anos 16,5 milhões de viajantes americanos já efetuavam reservas online.

Evento realizado no Gran Meliá WTC, em São Paulo, teve a participação de 550 pessoas, em grande maioria agentes de viagens, que puderam tirar dúvidas sobre comércio eletrônico.

O'Connor proferiu palestra divertida, conquistou a simpatia do público, mas foi categórico sobre o futuro do comércio eletrônico. "Poucos detêm muito, há dominação: três grandes sites controlam 55% do mercado de viagens online." Para exemplificar, citou o Expedia.com. "É o número 1 em vendas de viagens pela internet, com mais de 14 milhões de visitantes por mês."

E questionou o uso de GDS (sistema global de distribuição). "Os GDS são ótimos para distribuir passagens aéreas e para aluguel de automóveis, mas não são o melhor canal de distribuição para os hotéis", afirmou. Na visão de O'Connor, os GDS não oferecem aos hoteleiros chance de diferenciar o seu produto. A saída será a associação dos hotéis aos portais de destino. "Flexibilidade e rapidez são a chave do sucesso."

Em aberto - Algumas questões ficaram no ar. Caso dos e-tickets, cuja tendência poderá ser substituir o bilhete aéreo convencional. "As companhias (aéreas) ainda têm dúvidas sobre a economia do bilhete eletrônico", disse o gerente-geral de Comércio Eletrônico da Varig, Luis André da Costa Patrão. "Por isso, ainda não existe repasse algum (aos agentes de viagens)." E destacou a segurança da passagem eletrônica, porque inexistem riscos de perda ou furto.

Para o diretor-geral do Conselho Empresarial da OMT, o espanhol José Antonio Ferreiro, motivação é a palavra-chave que deve nortear as ações na indústria do turismo. "É preciso identificar os mercados principais de um determinado país e conhecer as preferências do público: as motivações mudam, como muda a sociedade", observou. "As ofertas têm de ser adaptadas ao mercado e, claro, deve-se atrelar a isso o conhecimento em novas tecnologias, que representam avanço extraordinário para os homens de negócios." Ele acredita que a tendência será a participação cada vez mais estreita entre as empresas privadas e o governo. "Além disso, penso que as parcerias entre empresas particulares serão mais freqüentes daqui para frente."

A próxima reunião da OMT está marcada para ocorrer entre os dias 17 e 24 de outubro, em Pequim, na China. Na pauta, serão debatidas formas de envolver empresas particulares, meios de comunicação e governos na reativação da indústria do turismo. A ocasião marca ainda a despedida de Ferreiro, responsável por mais de dez projetos de cooperação em países em desenvolvimento.

Perfil - Também semana passada, a HDN Central de Reservas de Hotéis (www.hdn.com.br), que vai completar um ano em outubro, divulgou sua primeira estatística de reservas online. A pesquisa mostra que o Rio é a cidade mais procurada pelos turistas. Entre os cinco destinos mais visitados, Fortaleza é onde brasileiros e "gringos" passam mais tempo - 4,1 e 5,6 dias, respectivamente.

Porto de Galinhas, no litoral pernambucano, é onde os brazucas mais gastam com hospedagem: R$ 619,66, em média, por 3,6 dias de estada. Os estrangeiros gastam mais em Gramado (RS): em média US$ 320,52 para se hospedarem três dias. "Esses dados vão ajudar a nos prepararmos para atender à demanda", disse o CEO da HDN, Adrian Coopieters, por meio de sua assessoria de imprensa. (F.V.)

Marcussen: aposta no rápido crescimento de serviços na web.

Para uma platéia composta em peso por agentes de viagens - houve 550 participantes nos dois dias -, o dinamarquês Carl Marcussen mostrou que entre os mais de 10 mil hotéis brasileiros, apenas 582 fazem a confirmação instantânea da reserva via internet. E foi além: disse que desses hotéis, 184 estão em São Paulo, 79 no Rio, 39 em Curitiba e 24 em Porto Alegre. O Nordeste só aparece em seguida, com 14 hotéis no Recife e 12 em Salvador.

"Cerca de 2 mil hotéis brasileiros marcam presença na web", diz ele.

Pesquisador do Centro Regional de Turismo e Pesquisa da Dinamarca, Marcussen deu uma sacudida no mercado brasileiro ao apresentar números até então desconhecidos do trade. E o ineditismo de seu levantamento foi adiante. Ao destacar que o turista estrangeiro responde por 24% da ocupação dos hotéis no Rio, tratou de averiguar entre os sites das grandes redes quais oferecem reserva em tempo real e em inglês. Descobriu que a Accor oferece 115 unidades, a Choice, 34, e a Sol Meliá, 23.

Dividida entre a surpresa e a desconfiança intrínsecas a toda descoberta, a platéia ainda tomou conhecimento, via Marcussen, do significativo aumento no número de internautas no Brasil: de 5 milhões em 2000 para 14 milhões em 2002. E soube ainda que na América Latina navegam na web cerca de 35 milhões de pessoas, dos quais 40% são brasileiros.

"Está claro que os serviços online estão em estágio inicial no Brasil", disse o estudioso. "Essa é justamente a razão para acreditar num rápido crescimento nos próximos anos." Marcussen mostrou ainda que, no segmento de turismo, passagem aérea é o item campeão de vendas na internet, seguida pelas reservas em hotéis. "Nos Estados Unidos, por exemplo, hoje 22% das reservas aéreas são feitas online contra 8% de reservas em hotéis." E ousou apontar a home page da Gol como candidata a se transformar no maior site brasileiro do gênero.

Portal brazuca - O anúncio do lançamento do portal brasileiro de turismo também mexeu com o evento promovido pela Organização Mundial do Turismo (OMT), em parceria com a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares e com o Ministério do Turismo.

"Faremos uma enciclopédia eletrônica que contenha tudo sobre o País", antecipou o coordenador de Governo Eletrônico do Ministério do Turismo, Rodrigo Godinho Corrêa. O novo endereço estará disponível no domínio www.turismo.gov.br, a partir de 13 de outubro, e vai englobar o atual site da Embratur.

Corrêa destaca que o canal oficial pretende ligar os municípios brasileiros com potencial turístico por meio de informações e serviços. "A idéia é abrir ambientes para que todas as prefeituras e organismos de turismo possam se hospedar no portal maior", diz. Antes de o portal ir ao ar, no entanto, ainda restam dúvidas. A mais delicada, para Corrêa, refere-se à venda de produtos turísticos no site do governo.

Interessados em viajar pelo País poderão encontrar todo tipo de informação no portal brasileiro, até dicas de roteiros, mas na hora de reservar lugar no hotel... "Procuramos meios legais para lidar com a questão", diz Corrêa.

"Talvez a criação de uma ONG para administrar a parte comercial do site resolva a questão." Esse comentário deixou agentes de viagens de cabelos em pé. Temem sofrer concorrência direta do governo.

Puro otimismo, o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Márcio Favilla, que representou o ausente ministro Walfrido dos Mares Guia, procurou incentivar o trade. "No Brasil, 8 milhões de domicílios estão ligados à internet; o movimento online de negócios em turismo bate em US$ 150 milhões", disse. Favilla garante que será exigida de cada Estado a criação de mais três produtos turísticos.

"Entre os objetivos, está aumentar de 40 milhões para 60 milhões os desembarques no País e criar 1,2 milhão de empregos", seguiu Favilla. E, diante de uma platéia de olhos arregalados, suavizou: "Sim, são metas desafiadoras, mas factíveis, a serem construídas com todo o setor turístico do País." Quem viver, verá. Seja como for, o governo abriu um canal de participação para o público pelo e-mail spdt@turismo.gov.br.

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Fonte: O Estado de São Paulo

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