terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Lembranças do passado: Comandante Rolim Amaro

Lembranças do passado: Comandante Rolim Amaro
18/02/2003
Uma infindável sucessão de aventuras, Rolim Adolfo Amaro, nasceu em 15 de setembro de 1942. Aos seis anos, Rolim já ganhava os ares no colo do tio, dono de um monomotor. Menos afeito a perspicácias, o pai tocava a vida em uma armazém de secos e molhados em São José do Rio Preto, para onde se mudara. O rapazote abandonou a escola na sétima série para ajudar as despesas de casa. Foi assistente de mecânico, aprendiz de escrevente em cartório e entregador de sanduíches, mas o vírus da aviação estava no organismo. A lambreta comprada com o salário minguado serviu para pagar o curso de piloto, que concluiu aos 18 anos. Seu primeiro Brevê Rolim nunca esqueceu, o segundo quase não saiu. Às vésperas de fazer o exame para piloto privado, o aeroclube inventou uma taxa de dez cruzeiros. Sem um tostão, ele viajou 200 quilômetros de trem e de carona para recorrer ao tio, fazendeiro no interior paulista. Teve que dar meia volta. "O sonho da sua mãe era vê-lo como balconista das casas Pernambucanas.

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"Você desistiu, preferiu ir atrás da aviação, coisa de vagabundo e louco. Vá trabalhar"|. Tomou enfim o dinheiro emprestado de um amigo, o que lhe permitiu ao comandante a trabalhar na TAM (táxi Aéreo Marília) e na Vasp, até receber uma proposta tentadora em 1966. Foi para Amazônia ser piloto particular, em troca recebeu financiamento para o seu primeiro Cessna. De um pouso emergencial numa estrada em Minas ao trasporte de uma tribo de xavantes para um lugar perdido na selva, Rolim realizou uma série de façanhas. Na falta de estradas, até os animais eram levados de avião às fazendas. Entravam na aeronave e ficavam com a metade do corpo para fora. "As mulas eram tranqüilizadas e amarradas as patas, no momento do vôo se alguma delas acordava, tinha que jogá-la para fora da aeronave. Era a mula ou o avião".

Para engrossar o orçamento vendia roupas e radinhos de pilha num armazém de São José do Xingu (Região do Araguaia), de onde comandava a empresinha que montara. "Em dois anos comprei dez monomotores, mas desisti quando tive a sétima crise de malária. Já perguntava aos passageiros qual das duas pistas que eu enchergava era a verdadeira". Rolim

O empresário Rolim decolou em 1972, ao adquirir metade das ações da TAM - compraria a outra metade quatro anos depois. Entrou na onda de um mercado em franca expansão, ninguém duvida que foi olho do dono que o fez engordar. Dirigiu uma companhia aérea que faturou R$ 800 milhões por ano e faz 550 pousos e decolagens diários.

O Comandante Rolim, fundador da empresa de aviação TAM era um motociclista "militante". Foi dono de motos de grande cilindrada como a Honda Gold Wing e a Yamaha Royal Star, além de uma impecável Harley Davidson. Em sua agenda anual havia sempre um período de férias sobre duas rodas pelas estradas mais famosas do planeta, como a Rota 66 e a rodovia Transalpina.

"No mundo de hoje, os produtos são cada vez mais parecidos e os seus diferenciais são menores. Esse caso se dá na industria automobilística, na industria do transporte aéreo e nas empresas de serviços em regra geral. Por essa razão, há anos desenvolvemos na TAM, juntamente com os nossos funcionários e todas as equipes, um sistema que possa diferenciar a prestação do nosso serviço em relação ao dos concorrentes".

Com os nossos colaboradores praticamos uma política de incentivo à tomada rápida de decisões, ainda que sujeitas a erro. Com efeito, damos às equipes a responsabilidade de agir dentro daquela máxima que Harry Truman usava na Presidência dos Estados Unidos, ostentando sobre sua mesa uma placa com os seguintes dizeres: "Os problemas terminam aqui."

Assim tem sido na TAM. Incentivo sempre os nossos colaboradores a tomarem decisões, rapidamente, para que os problemas possam terminar exatamente no momento em que são detectados. Com isso, nós adquirimos agilidade e damos pronta resposta aos nossos Clientes que reclamam, de imediato, solução para os seus problemas. Tal fato, entretanto, só é possível quando as organizações, em vez de punirem os que eventualmente erram, procuram, isto sim, corrigir os erros.

Quando as pessoas têm a certeza dessa disposição, elas tomam o risco para si e resolvem os problemas quando eles se apresentam. Por outro lado, sou daqueles que enfrentam os erros. É preciso saber quando eles ocorrem, porque só assim poderemos corrigí-los e mostrar aos nossos Clientes e amigos que temos a firme disposição de superá-los.

Pouco antes de morrer em um acidente aéreo, Rolim ainda teve tempo de rodar a América do Sul à bordo de uma BMW. Eis um homem que soube curtir sua passagem aqui no nosso planeta. Até conquistar o céu, enfrentou dificuldades. Uma delas foi a descoberta de um tumor na garganta, em 1992, extirpado em três cirurgias nos EUA. A segunda o deixou deprimido por quase um ano.

Você sabia? Deu um tapa de luva de pelica num passageiro cara-de-pau que surrupiara uma garrafa de uísque no avião. "Vou levar para casa. Foi a melhor que já bebi". Rolim enviou-lhe uma carta junto com meia dúzias de garrafas da bebida: "Isto é para o senhor tomar antes de cada viajem conosco. Grato pela preferência".

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