quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Museu Oscar Niemeyer de Curitiba

Museu Oscar Niemeyer de Curitiba
16/12/2002
FHC diz que NovoMuseu simboliza crescimento cultural do País.
Durante discurso na inauguração do NovoMuseu, na noite de sexta-feira 23, na rua Mal. Hermes, Centro Cívico em Curitiba o presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmou que a grandiosidade da obra representa a força do Brasil em continuar crescendo, especialmente no setor cultural.

O presidente elogiou o espaço criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e disse que, quando deixar o governo e sentir saudade do Palácio da Alvorada (residência oficial do presidente também criada por Niemeyer) irá visitar o Museu para recordar do local onde viveu por oito anos. "Poderei me sentir mais próximo da Alvorada, e não do poder, que não quero mais. Quem sabe, ao visitar o museu, eu também me encontre com a memória da minha família e da própria cidade", afirmou o presidente, lembrando que seu pai nasceu em Curitiba.

Fernando Henrique disse que ficou impressionado ao visitar o NovoMuseu e ressaltou que exposição sobre cultura mexicana lhe chamou atenção em especial. "No começo eu percebia Brasília como uma cidade mexicana, cerimonial de poder como as Astecas. Hoje entendi porque me senti assim em Brasília. Fui vendo que talvez essa tenha sido a genialidade da dupla que construiu Brasília", disse, referindo ao arquiteto Oscar Niemeyer e ao urbanista Lúcio Costa.


Por: Oscar Niemeyer
O Museu do Paraná será inaugurado hoje, e sinto que devo explicá-lo e agradecer aos que dele se ocuparam com tanto entusiasmo.

O primeiro teria que ser, é claro, o governador Jaime Lerner, que teve a idéia genial de aproveitar uma escola por mim projetada 35 anos atrás para, com ela, construir esse grande museu. E boas razões tinha ele para isso. É uma escola com 200 m de comprimento e 30 m de largura. Um pavimento apenas suspenso sobre pilotis. Projeto que já tinha esquecido e que me surpreendeu, quando o vi de novo. Podemos dizer que essa escola, projetada há tanto tempo, é uma obra moderna, moderníssima, com seus vãos variando entre 30 e 60 metros. Apta para se integrar ao grande museu que Lerner imaginava.

Para o projeto a elaborar, eu tinha que levar em conta ainda o fato de essa escola já fazer parte da cidade de Curitiba como uma de suas obras mais representativas. Não deveria, portanto, ficar escondida, o que explica ter projetado o NovoMuseu solto no ar, dois metros acima de sua cobertura.

E lá está o NovoMuseu a surpreender a todos que passam. Uma arquitetura que foge a tudo que viram antes. Toda feita de audácia, de técnica e de fantasia.

Não é assunto meu, mas é bom lembrar que esse museu vai custar apenas R$ 40 milhões, apesar de atender aos programas mais ambiciosos que um museu moderno deve adotar.

É claro que não devo esquecer os que colaboraram nessa obra com extrema dedicação. Mas são tantos que me vejo obrigado a falar, além de Alex Beltrão, que coordenou, desde o princípio, todo o desenvolvimento do museu, daqueles que mais ligados ficaram à arquitetura propriamente dita.

José Carlos Sussekind, responsável pelos cálculos da estrutura, Jair Valera, que desenvolveu todo o meu projeto, Marcelo Ferraz, que se incumbiu dos interiores da antiga escola, criando os programas indispensáveis ao bom funcionamento do museu - inclusive um novo setor para a exibição de esculturas - e Osvaldo Cintra, que acompanhou a construção até o seu término.

Levando em conta o tempo recorde em que essa obra tão complexa foi realizada, cinco meses apenas, seria lamentável não lembrar a firma Cesbe S.A., que dela se ocupou.

Durante esses cinco meses, acompanhei atentamente, pelo sistema de videoconferência instalado em meu escritório, o correr da construção. O terreno vazio, a estrutura de apoio a subir cada dia mais alto, as longas vigas longitudinais que suportam, por fim, a casca da cobertura que, para atender pressões do vento, o nosso companheiro José Carlos Sussekind previu.

Durante algum tempo tudo isso ficava escondido pelos apoios provisórios. Lembro que perguntava ao Birunga: "Quando eles vão ser retirados?", aflito por ver a cobertura pronta e a forma arquitetônica definida, com seus balanços laterais de 30 m.

Muitas vezes, visitantes que surgiam em meu escritório demonstravam interesse em conhecer o andamento da obra pelo sistema de videoconferência. E lá estavam o Lerner; o Beltrão ou o Birunga, contentes ao ver como tudo corria bem, ao ver que em breve aqueles apoios metálicos seriam retirados e o teto ficaria aparente, imenso, com 70 m de comprimento e 15 m de altura, como um grande céu iluminado.

E contavam como seriam as esquadrias, com vidros duplos, tendo entre eles as placas metálicas que desenhei para melhor proteger o salão. Não raro eram estrangeiros, arquitetos de fora que vinham me visitar, encantados com o museu em construção e o apuro da técnica em nosso país.

Nas últimas semanas, meus contatos, por meio do sistema de videoconferência, eram diários. Lembro que indagava quando começariam a colocar o tapete ou terminar a rampa de acesso, o grande espelho d'água, e a resposta vinha direta, tão perfeita era a execução do cronograma estabelecido. Dias atrás, com a obra quase concluída, eu perguntava por detalhes:

"E os móveis, as mesas do bar, quando vão chegar?"

"Depois de amanhã", respondia o Birunga.

Hoje o museu vai ser inaugurado, e esse diálogo vai acabar. O povo de Curitiba irá, usufruir dessa obra, que tantas angústias e entusiasmo nos custou.

Oscar Niemeyer, 93, arquiteto, é o criador do projeto do NovoMuseu e um dos criadores de Brasília (DF). Tem obras edificadas nos EUA, Israel, Líbano, Argélia, França, Itália, Alemanha e Portugal, entre outros países.

Fonte: Artigo publicado na edição da Folha de São Paulo, sexta-feira, 22 de novembro de 2002


Áreas de atuação

O NovoMuseu terá como focos de atuação as Artes Visuais, o Design Gráfico, o Design Industrial, a Arquitetura e o Urbanismo. Todos os focos de atuação acima representam modalidades artísticas raramente tratadas no país de forma orgânica e permanente. Este é um dos diferenciais mais importantes na constituição do NovoMuseu, configurando uma estratégia cultural singular no país.

Com vistas à integração dessas áreas, o NovoMuseu propõe um programa de Ação Educativa e Cultural que articula exposições, ateliês de formação de artistas, oficinas para o público, Centro de Documentação e Referência, produção de material de apoio (impresso e audiovisual), palestras, simpósios, cursos, entre outras atividades.

Além da integração entre as áreas de atuação do NovoMuseu, há uma integração física deste novo espaço com as áreas que o cercam, no que chamamos de Aldeia Cultural. Trata-se, no fundo, da integração do museu com a própria comunidade, com os cidadãos curitibanos, paranaenses, brasileiros, latino-americanos e com visitantes de outros países.


Centro de documentação e referência

O Centro de Documentação e Referência (CDR) do NovoMuseu deverá ser mais do que uma biblioteca pública. Além de abrigar e disponibilizar ao público seu acervo de material impresso e audiovisual, o CDR também estará incumbido de produzir, em conjunto com a ação educativa, material de apoio para visitas guiadas às exposições e para oficinas, cursos, palestras etc.

O acervo do CDR será inicialmente formado pelos acervos das bibliotecas do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR) e do Museu de Arte do Paraná (MAP), e enfocará as 4 áreas de atuação do NovoMuseu.

Em breve, o material disponível no CDR deverá passar por um processo de recadastramento eletrônico, tornando possível consultar neste site as fichas catalográficas de todo o acervo. O CDR localiza-se no piso superior do edifício antigo (Castello Branco) do complexo.

Constituição dos Acervos
O acervo deverá ser constituído e ampliado visando análise, investigação, fomento e difusão nas áreas de Artes Visuais, Design gráfico e industrial, Arquitetura e Cidade [Urbanismo]. A política de constituição do acervo deverá estar embasada em critérios científicos advindos das áreas de foco do NovoMuseu e das necessidades de seu público, de forma que sua ampliação ocorra a partir do que será necessário ter, e não do que já está patrimoniado nas diferentes coleções.

O projeto de aquisição e ampliação permitirá preencher lacunas no acervo inicial do museu (provenientes do MAC/PR e do MAP) e constituir novas coleções, tendo como principal foco a divulgação da produção brasileira moderna e contemporânea. Serão criados diversos núcleos que agrupam artistas (incluindo nesta categoria arquitetos, designers, urbanistas etc.), obras (inclusive plantas, projetos, objetos, maquetes etc.) e movimentos de acordo com critérios temáticos, cronológicos e/ou geográficos. O critério básico para integrar obras ao acervo será a pertinência da mesma a um desses núcleos, definidos por um grupo de pesquisadores e historiadores da arte e da cultura brasileiras.

O objetivo de tal procedimento é ultrapassar a prática comum de inclusão de obras singulares em acervo – obras não necessariamente relacionadas umas às outras. Com o sistema de núcleos pretendemos contemplar as questões manifestas nos diferentes momentos da história das artes brasileiras a partir do século XX, incorporando ao acervo apenas obras que sejam representativas para a composição dos diferentes núcleos, seja por seu caráter exemplar ou de ruptura.

Deverão ser levados em conta, ainda, a expressão que o artista e a obra podem desempenhar na coleção, a representatividade do autor no panorama das artes brasileiras e a importância da obra no conjunto da criação do artista.

O ponto de partida para a formação do acervo do NovoMuseu será a Coleção Permanente. Ela dará origem ao primeiro dos quatro núcleos previstos na fase de implantação do museu, detalhados abaixo.


Apresentação de Acervos
Em uma instituição museológica, a exposição é o meio privilegiado de comunicação com o público em geral. Portanto, ela deve ser planejada visando a contribuir para a adequada difusão do patrimônio cultural ou de informações específicas (institucionais, didáticas etc.).

As coleções a serem expostas no NovoMuseu deverão estar vinculadas aos princípios de divulgação e ampliação de conhecimentos nas áreas de interesse definidas pelo perfil do seu acervo e à tipologia museológica à qual se filia, bem como colaborar para o entendimento do papel do NovoMuseu como instituição a serviço da sociedade.

Para alcançar tais propósitos, as exposições do NovoMuseu farão uso de diferentes conceitos relacionados, como a longevidade do projeto expositivo, determinando uma forma de tratamento diferenciada da coleção a ser exibida. Também serão utilizadas linguagens de apoio, tais como textos, legendas, atividades educativas e outros, seja por meio dos suportes convencionais ou através de novas mídias.

Quanto aos objetos e conjuntos a serem exibidos, estes poderão ser de diversas naturezas (artísticos, científicos, históricos, tecnológicos e outros), executados em diversos tipos de suporte (pinturas, papéis, projetos, vídeos, fotografias, CDs e outros).

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