quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Passeio Público... Público!

Passeio Público... Público!
10/11/2002

Dois de maio de 1886. Domingo, três horas da tarde. A multidão aglomerava-se nas imediações do charco para a solenidade de inauguração do Passeio Público. As obras estavam inacabadas, mas importava ao Presidente da Província, Visconde de Taunay, oficializar a entrega à população curitibana daquele audacioso empreendimento. Relatava a “Gazeta Paranaense” da data: “... uma oitava parte era terreno firme, sendo o restante um banhado impraticável e insalubre”.

Governos antecessores teriam imaginado o saneamento do local. A quantia estimada, porém, em torno de cem contos de réis, era alta para os cofres do tesouro. Taunay, no entanto, encontrou em Francisco Fasce Fontana disposição para implantar o projeto, nomeando-o administrador do recém-criado logradouro.

O Comendador Fontana, nascido e educado no Uruguai, dedicara-se à carreira comercial e por interesses da sua empresa veio ao Paraná tratar de assuntos referentes à erva-mate. Acabou por radicar-se em Curitiba, justamente em chácara defronte ao atual Passeio Público, conhecido na época por banhado do Bittencourt.

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A implantação do logradouro já exigia medida de saneamento, já que havia preocupação com a proliferação de doenças, em especial a febre amarela, o que poderia representar entrave a imigração de colonos europeus. É inegável a contribuição que prestaram o Comendador Ildefonso Correia (depois Barão do Serro Azul) o engenheiro Lazzarini e o sucessor de Taunay, presidente Faria.

Fontana imaginava ser possível manter o Passeio Público com a receita gerada no próprio parque, proveniente de um carrossel, de gôndolas e de um “chalet” de vendas de bebidas e sorvetes, conforme o seu próprio relatório. As somas despedidas na manutenção e melhoramento do logradouro, todavia, eram elevadas. Parece que Fontana via as coisas de forma diferente, porque os problemas se agravavam. Insatisfeito com a redução das verbas destinadas do poder público impõe-se com a diretoria de tesouro provincial, terminando por exonerar-se da responsabilidade, após dois anos e meio de dedicação ao Passeio Público. Não satisfeito e irritado pelo descaso das autoridades e numa forma particular de protesto, Francisco Fasce Fontana fechou, então, os portões deixando para fora, em dia de grande movimento, não só a banda de música como também a população enfurecida, que, alheia às intrigas, acabou por arrombar todas as entradas. A turma não poderia conceber de outra maneira: afinal de contas, o Passeio Público era público e, portanto, do povo! Isso tudo no século passado.

Nos anos 70, no início da gestão de prefeito Saul Raiz, o Passeio foi cercado por grades de ferro. A gritaria foi grande, inclusive com repercussão negativa da imprensa.

Fadada ao insucesso, a cerca metálica foi providencialmente removida!

Talvez tenham tido o alcaide curitibano e seus comissionados oportunidade de ler as notícias da época de Fontana e chegado particularmente à conclusão de que o Passeio Público deveria mesmo continuar sendo do povo!

Por: Zalmir Silvino Cubas – médico veterinário

"Seu portão é cópia fiel do que existiu no Cemitério de Cães de Paris.

"O Passeio Público também foi o primeiro zoológico da cidade."

Atualmente funciona como sede do Departamento de Zoológico da SMMA abrigando pequenos animais."

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